O emprego disparou em Portugal

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Se tiver de escolher um só indicador para caracterizar a economia portuguesa, será a evolução do emprego. Os dados oficiais até podem estar subavaliados devido à informalidade ou ao subemprego, mas o número de empregados em Portugal subiu mais de 25% desde janeiro de 2013, o que é verdadeiramente impressionante.

Tendo em conta apenas os últimos 12 meses, o crescimento do emprego foi de 1,5%, numa fase em que a taxa de desemprego se tem mantido estável. Obviamente, mais emprego não implica que as condições de trabalho ou os salários estejam, em média, a melhorar, mas é um excelente sinal para uma economia que há pouco mais de uma década parecia destinada à estagnação.

A discussão, finalmente!

Portugal tem estado a crescer quer em termos económicos, quer populacionais, mesmo com portugueses a saírem para outras paragens. O país tem beneficiado do movimento migratório global e, por circunstâncias diversas, tem atraído o interesse de muitos estrangeiros, de várias origens e faixas etárias, com projetos de vida e ambições bem diferentes.  É algo extremamente positivo e que ajuda o país a combater o envelhecimento, quer demográfico quer de mentalidades.

Por seguir o fenómeno de perto há décadas, esperava com alguma ansiedade que começasse finalmente a discussão “a sério” acerca da imigração. Vai doer, mas é inevitável. É preciso que venham ao de cima os preconceitos, os desconfortos, os abusos, os exageros, o que se faz de bem ou mal.
Os imigrantes, mais do que serem “necessários”, são pessoas. Têm sonhos, aspirações, desejos e receios, mas tiveram a coragem de vir morar connosco. Obrigado.

Têm direitos e têm deveres que lhes têm de ser comunicados, defendidos e exigidos. As iniciativas legislativas em termos de mecanismos formais de acolhimento e legalização ou de acesso aos cuidados de saúde, a par da polémica em torno da atuação policial, são dores de crescimento de uma sociedade que, finalmente, percebe que não pode só assobiar para o lado e deixar simplesmente acontecer.

Este é o momento de Portugal ter uma estratégia que lhe permita construir a sociedade das próximas décadas.

O medo de ficar de fora

Há muito a dizer sobre criptomoedas e do seu papel na economia e na sociedade. Mas, nas últimas semanas, o que mais saltou à vista foi o medo. Não se trata do receio de perder dinheiro num investimento - o medo a que me refiro é ficar de fora das valorizações.

Estamos numa fase em que a preocupação principal é o incómodo por não estar a participar na festa, de não ganhar rios de dinheiro como “todos os outros”. As conversas e análises acerca de valor intrínseco são ignoradas, porque o problema é ver o vizinho do lado a dizer que está a ganhar dinheiro. Não é dos melhores momentos para comprar ativos, mas é um fenómeno conhecido nas ações, imobiliário, matérias-primas ou tudo aquilo que tenha um mercado e cotações. Chama-se FOMO - Fear Of Missing Out.

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