O bom trabalho da Polícia Judiciária
A detenção do homem suspeito de ter assassinado a tiro três pessoas em Lisboa na semana passada assume uma importância maior do que se possa pensar. Não se trata apenas de trazer à justiça o presumível autor de um triplo homicídio - dois homens e uma mulher grávida - que chocou a sociedade portuguesa e a pôs a debater, em loop, temas como a insegurança, a imigração, o crime e racismo. Às vezes na mesma frase. Daí à atribuição de culpas foi um passo. O seguinte foi atacar o trabalho da polícia.
A operação de ontem, na qual a PJ apanhou o principal suspeito (repito, suspeito) do triplo homicídio, põe um fim a esse caminho errado.
O facto de se terem passado (apenas) seis dias desde o momento do crime até à captura principal suspeito fará mais pela confiança dos cidadãos nas nossas autoridades policiais do que todos os discursos tranquilizadores da classe política. A situação que todos desejariam é que houvesse um ainda maior controle das armas em circulação, que o crime não tivesse existido ou que pudesse ter sido evitado. Mas a realidade diz-nos que o crime violento, ainda que em menor quantidade, nunca será erradicado enquanto a natureza humana for aquilo que é. Em alguns casos, o melhor a que podemos mesmo aspirar é que os “cães danados” que possam existir na sociedade sejam removidos do contacto com os cidadãos cumpridores da lei, postos num estabelecimento prisional para a devida reabilitação. A rápida apreensão do principal suspeito do triplo homicídio também servirá, em alguma medida, como elemento de dissuasão para crime futuro.
A Polícia Judiciária portuguesa já foi demasiadas vezes enxovalhada graças a fugas de informação insidiosas, a comportamentos suspeitos e erráticos como no caso Joana Cipriano e no Caso Maddie, com escutas no futebol sem validação de um juiz, em operações anti-corrupção que resultaram em nada ou com inspetores acusados de mentir em tribunal para salvar a face de outras agências policiais, como noticiou recentemente o Diário de Notícias.
Ontem, a Polícia Judiciária marcou pontos, muitos pontos, na consciência dos portugueses. Os cidadãos de bem ganharam, um pouco mais, a convição de que a polícia de investigação criminal faz o seu trabalho. E fá-lo bem. Isso tem de ser devidamente enaltecido.