O ataque é a melhor arma de negociação
O título deste artigo revela uma das táticas usuais do atual presidente americano, embora atacar em todas as frentes nem sempre (ou quase nunca) se consubstancie em grandes vitórias.
A OTAN é um dos epicentros dos terramotos causados por Trump. Desde que proferiu as polémicas afirmações sobre uma hipotética cedência da Gronelândia, há tropas aliadas, tanto americanas como dinamarquesas, a perpetuarem manobras militares em direção à relevante e popular ilha.
Sem desprimor algum pela Gronelândia, e tal como num espetáculo de ilusionismo, enquanto o mundo se “distrai” com aquela zona do globo, não atenta à outra mão do mágico. O Secretário-geral da OTAN anda em périplo por vários países membros do lado de cá do oceano, como se de uma campanha de angariação de fundos se tratasse.
A principal razão para este rodopio deve-se a mais uma das frentes de batalha do presidente Trump: o financiamento da OTAN. Os 2% do PIB alocados à defesa por parte de cada estado-membro, e exigidos pela organização, são agora considerados insuficientes. Trump subiu a parada para os 5%.
Os europeus reconheceram o desinvestimento e concordaram com o reforço. Contudo, assumiram que a meta imposta é irrealista em termos de prazo, até porque se trata de um aumento que desequilibraria fortemente a Europa.
A vinda de Mark Rutte, para além de alarmar com a ameaça respeitante aos bombardeiros russos, volta a trazer a lume a política de defesa da União Europeia e a Organização do Tratado Atlântico Norte. Apesar da composição da OTAN ser muito similar à da União Europeia, restam poucas dúvidas, que em matéria militar, os países membros da OTAN e da EU se encontram atualmente numa encruzilhada.
Pairam algumas questões no ar: será que a União Europeia não tem uma palavra a dizer sobre a militarização do seu território? Será que a velha política adaptada do oriente, “de uma união, dois sistemas”, neste caso em termos militares, faz sentido?
Agradando ou não, Trump coloca o dedo na ferida: a Europa não consegue – aparentemente – defender-se sozinha. Portanto, a importância de uma OTAN forte e unida, com membros que apesar de estarem na Europa não pertencerem à União (por opção ou por exclusão), torna-se crucial.
Não é menos relevante a inexistência de uma política externa de defesa e militar. Numa altura em que a guerra acontece às portas da Europa, torna-se quase imperativo definir diretrizes claras nesse sentido, que permitam pelo menos conferir uma perceção de segurança aos europeus que vivem e convivem ao lado da guerra.
Para quando uma resposta da Europa?