As primeiras semanas do Presidente Trump na Casa Branca têm sido uma montanha russa de decisões sobre os mais diversos assuntos. E ao contrário do que algumas pessoas mais otimistas esperavam, as promessas que Donald Trump fez na campanha não foram vãs.Das muitas ordens executivas assinadas e posições anunciadas pelo Presidente, há 3 áreas que são particularmente importantes para o nosso país e que nos devem preocupar pelo o que nos dizem sobre as posições que os Estados Unidos assume no comércio externo, na defesa e na diplomacia multilateral.No que toca ao comércio Internacional, Trump anunciou a entrada em vigor de tarifas de 10% sobre a China e de 25% sobre o Canadá e o México. Para além das perdas económicas destas alterações, que se calculam em cerca de 10 biliões de dólares, a decisão de Washington significa o fim da NAFTA, o acordo de comércio livre da América do Norte. Se o Presidente Trump está a minar o comércio externo com os seus parceiros mais próximos, o que poderemos esperar quando se tratar de países ou regiões com quem os EUA têm menos afinidades, como a UE?Na área da defesa, Trump insiste em ocupar a Gronelândia, parte da Dinamarca e membro da NATO, a organização de defesa que une os países do Atlântico Norte. Ou seja, o Presidente poderá estar a colocar em causa o mecanismo de cooperação militar e de defesa entre a Europa, Estados Unidos e Canadá, que foi fundamental na garantia da segurança desde o fim da segunda guerra mundial.Finalmente, o Presidente dos Estados Unidos anunciou o abandono da Organização Mundial de Saúde, do Protocolo de Paris - que é a base da cooperação internacional no combate às alterações climáticas - e congelou o financiamento americanos a muitas das agências e programas da Organização das Nações Unidas, dificultando uma parte importante das suas atividades. Ou seja, Trump está a paralisar os mecanismos de cooperação internacional que estão as bases do sistema internacional nos últimos 80 anos.As decisões de Trump devem preocupar todas as pessoas que partilham a convicção que a cooperação internacional é necessária para fazer face aos muitos desafios que enfrentamos coletivamente, sabendo que questões como o controle da proliferação nuclear ou o combate às alterações climáticas só funcionarão se todos trabalharmos juntos.Para Portugal as posições da Casa Branca são particularmente graves, pois colocam em causa 3 dos pilares da nossa política externa. De facto, só seremos capazes de garantir a nossa prosperidade e a defesa dos nosso interesses se vivermos num mundo onde o direito internacional, a abertura dos mercados e a diplomacia multilateral forem os pilares da organização do sistema. Tudo que a visão Trumpiana não é. Professor Convidado IEP/UCP e NSL/UNL