Marrocos 30 – Argélia 17, em Direitos Humanos!
Não se tratando de nenhum jogo de andebol, a votação de quarta-feira em Genebra, dos 47 membros do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDHNU), elegeu o Embaixador marroquino Omar Zniber, Presidente do mesmo CDHNU, com o voto favorável de trinta dos seus membros. Não ganhou a uma candidatura argelina, como o título sugere, mas a uma candidatura da África do Sul.
As leituras políticas que deverão ser feitas deste adquirido histórico marroquino, já que se trata da primeira vez que acontece, parece-me serem as seguintes:
Primeiro, uma candidatura sul-africana em qualquer instância das Nações Unidas, é sempre uma candidatura do Eixo Pretória-Abuja-Argel, principais financiadores da União Africana e militantes dentro desta, pela soberania sahraoui do Sahara (ocidental). Tal resultado, parece-me uma evidente e claríssima vitória da diplomacia marroquina, face ao “Candidato do Eixo”, Mxolisi Nkosi;
Segundo, o grupo africano no seio do CDHNU não se entendeu quanto à apresentação de uma candidatura única, espelhando uma contínua “guerra fria diplomática” entre Marrocos e Argélia, em todos os palcos possíveis, incluindo o Concurso do Melhor Couscous do Magrebe/África Ocidental;
Terceiro, a verdadeira vitória está no voto de confiança dado pela Comunidade Internacional à abordagem marroquina ao Diálogo Inter-religioso, à tolerância, à luta contra o ódio racial, aos direitos ambientais, aos direitos dos migrantes, conjugado com a adaptação às novas tecnologias. Prospectivas construtivas, sob a batuta de um “monarca com vistas largas”, cuja visão também foi validada nesta votação;
Em quarto e ainda no mesmo contexto de “guerra de baixa intensidade”, tudo isto acontece na semana em que a notícia em Espanha/Europa e Marrocos, é o rapto de mais uma jovem sahraoui-espanhola, pela POLISARIO, durante uma visita desta à sua família biológica em Tindouf. Tal facto tem trazido de novo a debate as condições de vida e ambiente de insegurança que se vivem nos acampamentos sahraouis, no sul da Argélia;
Quinto e ainda dentro de uma leitura política macro, não andará fora destas contas das tendências de voto na eleição do novo Presidente do CDHNU, o Embaixador Omar Zniber, uma crescente aproximação sahraoui ao Irão dos Ayatollahs e do Hezbollah, considerado por vários fundadores da POLISARIO, enquanto “tendência suicidária de Brahim Ghali, bem como sinal de falta de esperança”, segundo Al-Bashir Aldakhil, um desses históricos.
No ano em que se celebram 25 anos do reinado de Mohamed VI, esta vitória é só mais uma entre muitas outras, em múltiplas frentes, permitindo aos marroquinos um “2024 de quadratura do século”, no sentido de perceberem se tem valido a pena e se querem que continue a valer a pena até ao século XXII! A mais-valia que nos falta, ter projecto que nos permita levantar cedo, fazer a cama e produzir com um propósito final, o nosso!
Política à parte, o calendário não muda e este fim-de-semana todo o Grande Sahara celebrará o Ano Novo Amazigh, iniciando oficialmente o ano 2974, às zero horas de domingo 14.
“Assegaz Amegaz Magrebinos/as”!
Politólogo/Arabista
www.maghreb-machrek.pt (em reparação)