Elon Musk, visionário ou perigoso egoísta?

Publicado a

Quando Elon Musk decide mudar o seu nome no X para Kekius Maximus a notícia chega até aos media mais insuspeitos, da BBC à Fortune, passando pelo El País. Em todos, a mesma descrição: o dono do X, da Tesla e da Space X, mudou a imagem de perfil para a do sapo Pepe, personagem criada pelo cartoonista Matt Furie, em 2005, que depressa se transformou num meme partilhado por celebridades e anónimos mas acabou por tornar-se num símbolo da extrema-direita americana. Na imagem de Musk, o sapo surge com traje militar romano e a segurar o comando de uma consola de jogos. Um visual à medida do novo nome do milionário. Kekius, segundo a BBC, é uma “latinização de ‘kek’”, um equivalente a “LOL” (Laugh Out Loud) que era usado por gamers mas acabou associado também à extrema-direita. “Kek”, segundo a mesma fonte, é também um deus egípcio das trevas, representado com cabeça de sapo. A Kekius, Musk juntou Maximus, em referência à personagem de Russell Crowe no filme Gladiador, o general romano Maximus Decimus Meridius.

Tudo isto não passaria de um fait-divers caso não estivéssemos a falar de Elon Musk, o homem mais rico do mundo e um dos mais influentes aliados de Donald Trump. Mas é bem mais do que isso ou não fosse Kekius Maximus também o nome de uma criptomoeda, cujo valor disparou depois do gesto milionário. Esta não é a primeira vez que Musk agita o mercado das criptomoedas, já o fez antes com um simples post no X. O milionário nascido na África do Sul já provou aliás que nas suas mãos aquela rede social e os seus mais de 600 milhões de utilizadores ativos por mês são uma arma poderosa. Ainda antes do Natal fez descarrilar um acordo entre democratas e republicanos para evitar o shutdown com uma série de posts críticos, deixando o Governo dos EUA à beira de ficar sem financiamento.

O homem que aos 12 anos criou o seu primeiro jogo de computador deverá ainda ver reforçada a sua influência a partir de 20 de janeiro, quando Trump tomar posse como presidente. Nomeado para dirigir o novo Departamento da Eficiência Governamental, Musk tem tido tanto protagonismo que alguns media dizem ser ele o verdadeiro presidente. Uma ideia que Trump desvalorizou, lembrando, meio a sério meio a brincar, que “não nasceu neste país”.

Mas o papel de Musk não deixa de levantar questões: não será perigoso dar tanto poder a alguém que não foi eleito e cujos interesses empresariais podem chocar com os do país que é suposto servir? Quanto tempo irão os egos do multimilionário Musk e do milionário Trump conviver sem entrar em choque? Ou conseguirá mesmo o visionário empreendedor tornar a América mais eficiente e inovadora, como lhe pede Trump? Os próximos meses o dirão.

Editora-executiva do Diário de Notícias

Diário de Notícias
www.dn.pt