Economia e mercados em 2025
Economia
É impossível abordar as perspetivas para 2025 sem falar de protecionismo. As tarifas que Donald Trump tem prometido implementar colocam um enorme ponto de interrogação sobre a economia mundial e, em certa medida, nas dinâmicas das cadeias de valor e de abastecimento, com potencial de perturbar ainda mais o relacionamento entre os países. O grau de assertividade de Trump nesta matéria é ainda desconhecido, mas é prudente esperar que não haverá muita moderação.
O ponto de partida da economia mundial não é mau e as previsões também não são particularmente pessimistas. Tendo como referência o relatório mais recente da OCDE, a economia global deverá ter crescido 3.2% em 2024, esperando-se uma décima acima para este ano. Não se prevê crescimento negativo em nenhum país do G20, nem da OCDE, apesar das nuvens cinzentas trazidas pelo protecionismo, pelas guerras em curso e pela complexificação geopolítica global. Além dos EUA, a China terá importância no ritmo de crescimento mundial, já que Pequim se prepara para implementar um ambicioso plano de estímulo.
Portugal tem apresentado números muito razoáveis, especialmente quando comparados com os dos países do centro da UE. Na vertente industrial, 2025 não promete ser auspicioso tendo em conta o estado do setor na Europa, num contexto de margens mais apertadas e algumas incertezas em termos custos energéticos. O turismo deverá continuar forte, mas em desaceleração, o que é normal tendo em conta as especificidades do setor, que também precisa de inovar e criar mais conteúdos e motivos de interesse. O motor da economia portuguesa tem sido a capacidade de atrair pessoas, quer para visita, quer para residência, algo que deve ser devidamente acarinhado.
Mercados
As sondagens mais recentes indicam que os três principais riscos apercebidos pelos investidores são o protecionismo, as valorizações extremadas e os rácios de dívida pública.
O comportamento das bolsas tem sido exuberante. Nos dois últimos anos, o índice S&P 500 acumulou cerca de 50% de ganhos e o MSCI World mais de 40%. No entanto, estes números escondem três aspetos relevantes.
Em primeiro lugar, os ganhos têm estado muitíssimo concentrados, dominados pelas grandes tecnológicas norte-americanas, pelo que há uma enorme dispersão de performances no mercado - não é um bull market transversal, pelo contrário.
Em segundo lugar, trata-se de um mercado que não está nada barato nos setores que têm puxado pelas bolsas. As métricas encontram paralelo e até superam o que aconteceu em 2000, na bolha das “dot.com”, o que é um alerta importante.
Finalmente, no que toca aos índices americanos e às ações mais populares, a participação do retalho é bastante alta.
Portanto, é muito provável que aconteça pelo menos uma correção importante nas bolsas durante este ano e que poderá fazer abanar muitas convicções.