Dia da inauguração
O mundo encontra-se em compasso de espera para a tomada de posse do próximo presidente dos EUA. A cerimónia de ajuramentação do presidente e vice-presidente americanos acontece de 4 em 4 anos no dia de hoje, mas nem sempre foi assim.
Em tempos mais remotos, a tomada de posse, ou de inauguração do mandato, acontecia a 4 de março. Essa data, escolhida pelo Congresso, encontrava justificação nas fracas ligações e longas distâncias que eram percorridas para participar no evento. Também os agentes administrativos necessitavam de mais tempo para efetivar os apuramentos eleitorais.
O 4 de março foi usado durante mais de 100 anos, tendo início com o ex-presidente George Washington, cuja tomada de posse se deu com um atraso de quase dois meses. As difíceis condições climatéricas fizeram com que Washington chegasse a Nova Iorque, na altura a capital, a 30 de abril de 1789.
Com a evolução dos procedimentos eleitorais e dos transportes, e para evitar a dilação de 4 meses entre as eleições e a posse, procedeu-se à 20ª emenda à Constituição americana em 1933, passando o dia 20 de janeiro a ser a data oficial da inauguração.
Neste caso, repete-se a cerimónia de 2016 com ligeiras mudanças. O evento terá lugar dentro do Capitólio devido às temperaturas demasiado baixas, tal como sucedeu com Ronald Reagan em 1985. Ao contrário do que habitualmente sucede, a cerimónia será apenas visionada pelos convidados.
Entretanto, Trump já confirmou que quando a cerimónia terminar dirigir-se-á para a “Capital One Arena” (pavilhão desportivo que representa várias equipas de basquetebol e hóquei) para se encontrar com os apoiantes, onde já ontem realizou um grande comício. Assim (re)começa o novo mandato do polémico presidente americano, que terá sérias implicações para a Europa e, claro está, para Portugal.
Olhando às principais linhas de atuação já anunciadas pela nova administração americana, todas impactarão, direta ou indiretamente, o nosso país. Um exemplo disso é a anunciada deportação em massa de cidadãos ilegais nos Estados Unidos, que levou o Governo Regional dos Açores a anunciar um plano de contingência para essa eventualidade.
Por outro lado, a guerra económica com a China, através das taxas alfandegárias e não só, alastrará os seus efeitos para a Europa, a partir dos quais os primeiros afetados serão os mercados mais pequenos, como é o caso do nacional.
Trump não convidou os líderes europeus para a cerimónia de hoje. Este facto vinca bem as diferenças políticas que o próprio quer assumir entre os Estados Unidos e a Europa. E para além das relações económicas, continua em cima da mesa o aumento drástico dos orçamentos em defesa, com uma representação cada vez maior no PIB. As questões ambientais são a outra parte da discórdia, que se materializaram na sua última presidência através da retirada do seu país do acordo de Paris.
A nível interno fez promessas de redução de impostos e da inflação, aumento de emprego e reabertura de fábricas. Contudo, como é habitual na política, ainda mais na americana, mais importante do que concretizar é parecer que irá fazer. E aí, Trump é extremamente proficiente. Facilmente consegue criar convicções de realidade e veracidade nas suas promessas.
Para finalizar, e apesar da melhoria económica a todos os níveis conseguida por Biden, Trump prometeu fazer muito melhor do que o seu adversário. Nos próximos 4 anos cá estaremos para o testemunhar – ou não.