Decisão de 2025 para os jovens: não emigrem!
Hoje não venho falar de imigração. Sobre esse tema, acabo de reler o meu artigo publicado neste espaço a 2 de junho deste ano e concluo que não lhe retiraria uma vírgula. O mote de hoje é o simétrico, a emigração. E o fito é apelar aos jovens para ponderarem bem a decisão de emigrar, a menos que sintam o ímpeto de conhecer outras realidades e de contactar com outros contextos profissionais, no sentido do enriquecimento pessoal.
Emigrar é sempre um tema fraturante, pela óbvia razão de que integra em si mesmo uma rotura. Mudar de terra e de cultura, ficar longe da família e dos amigos e inserir-se numa nova realidade laboral é uma decisão que pode ter várias causas, mas da qual só se espera o sucesso. Logo, o reporte do insucesso ou da desilusão não tem grande espaço na narrativa dos emigrantes.
No passado, a emigração estava quase sempre associada à pior das razões. Sobreviver. Em Portugal, os anos sessenta e, mais tarde, o período da troika, são dois exemplos. Na atualidade, observam-se matizes que reclamam um entendimento mais refinado. O discurso do eldorado estrangeiro, onde se vive bem, se auferem salários muito generosos, se acede a habitação, saúde, transportes e ambientes sociais invejáveis, sem paralelo em Portugal, está quase sempre longe da realidade. Só que quem emigra, e depois disso fala, jamais pintará a sua experiência com as cores carregadas da vida espartana além-fronteiras.
Claro que não poucos têm sucesso e acedem a todas essas comodities, como se ao paraíso tivessem chegado. Contudo, da minha observação, constato que esses são os que seguramente singrariam também em Portugal. Emigraram porque querem ver o mundo, porque surgiu uma oportunidade irrecusável, porque fizeram Erasmus lá fora e se apaixonaram por um ou uma colega, juntando os trapos e fazendo caminho juntos. Um quadro que bem conhecemos e que, pessoalmente, acho fascinante, representando bem o sonho de uma Europa sem fronteiras.
Quanto aos outros, que são muitos, temo que a narrativa não alinhe com a realidade. A vertigem de menorização do que é português, que grassa na sociedade e na comunicação social nacionais, vende aos jovens um eldorado estrangeiro, gerando uma onda de desprendimento da terra e das pessoas que, pessoalmente, me desilude. Quando atravessam a fronteira, o espaço de recuo torna-se exíguo. Assim, aceitam o que acham inaceitável em Portugal. Vivem a dezenas de quilómetros do centro da cidade, enfrentam um sistema de saúde que não é melhor que o nacional, pagam caro pelo transporte público, não dispõem de transporte privado e deixam de jantar fora, com exceção de algumas refeições económicas de fast food. Tudo isto num ambiente social e num clima de segurança que muito raramente se equiparam ao português.
Com o Ano Novo, tomam-se decisões. Aos jovens, recomendo não emigrar. Há milhares de empresas a recrutar em Portugal. E depois, este é ainda o país onde uma caixa de 24 minis custa o mesmo que duas pints. E o sol, que tão bem reclama as minis, é de borla!