Dar voz (e crédito) às mulheres

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Hoje quero dar-vos a conhecer um projeto - e uma visão - diferente para ver a vida, encabeçado por um grupo de mulheres “pensantes”, do qual me deram a honra de fazer parte.

Somos 16 mulheres, as que tomaram esta iniciativa, mas sei que somos muitas mais que comungamos dos princípios e valores deste grupo, que “apenas” pretende deixar um mundo melhor aos seus filhos e netos, e um país mais competitivo, mais inovador, mas também mais justo.

Olhando em retrospetiva, passaram-se 50 anos sobre o 25 de Abril, e muita coisa mudou desde então, essencialmente em termos de liberdade e igualdade. A emancipação da mulher, que só obteve o direito ao voto universal em 1974 e que não podia viajar para o estrangeiro sem autorização do marido, foram marcos importantes e são conceitos que hoje nos parecem irreais, mas que aconteceram não há tantos anos assim.

Na área da Educação, éramos um país com elevadíssimas taxas de analfabetismo, e hoje em dia temos uma taxa de analfabetismo de 3,1%, e um quinto da nossa população licenciada, com as mulheres em maioria (cerca de 60%). Na saúde temos uma das mais baixas taxas de mortalidade infantil do mundo e na habitação, 70% dos portugueses conseguem hoje ter casa própria. Isto para além de tudo o resto que a democracia nos trouxe, sistema este que apesar de não ser o perfeito, consegue ser o mais perfeito, entre todos os imperfeitos. Acredito mesmo que os seus defeitos advêm mais da forma como usamos a democracia, e não exatamente do sistema democrático em si.

Neste meio século é, assim, inegável o avanço, o progresso e a transformação que a democracia nos trouxe, mas também sentimos hoje que não avançámos como podíamos e deveríamos, havendo mesmo alguma estagnação, senão mesmo um retrocesso, num caminho que nunca deveria conhecer volta atrás, sendo evidentes as debilidades em áreas que são absolutamente cruciais para nós enquanto indivíduos e enquanto sociedade. Muito se fez, mas muito mais há por fazer para transformar este país num país mais justo e competitivo.

E é por isso que unimos a nossa voz e queremos fazer a diferença, com ideias lúcidas e exequíveis, acompanhadas de propostas concretas, vertidas num Manifesto, que lançámos no Dia Internacional da Mulher, durante o Fórum “Celebrar a Voz Feminina no Futuro de Portugal”, e que agora pretendemos apresentar ao novo Governo, para reflexão e discussão.

O Manifesto baseia-se nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Saúde para Todos e Atempada, Transformação na Educação, Cidadania Ativa e Cultura, Equidade Social e Carga Fiscal adequada, Empreendedorismo e Inovação, Habitação e Mobilidade, Justiça Transparente e Burocracia, e para cada área fez-se o diagnóstico e apresenta-se aquela que, quanto a nós, deve ser “a cura”.

Sabemos que não há respostas únicas, nem tão pouco simples, mas se houver abertura e, acima de tudo, vontade de fazer, estaremos todos a dar um forte e determinante contributo para o desenvolvimento do nosso país, quem sabe para a sua sustentabilidade.

“Nenhum país pode realmente florescer quando sufoca o potencial das mulheres e se priva das contribuições de metade dos cidadãos.” As palavras são de Michelle Obama, que usa o seu estatuto de ex-primeira dama dos Estados Unidos, mas sobretudo de mulher, para alertar sobre a necessidade de se ouvir as mulheres, com vista a um mundo mais justo e paritário.

Ouçam-nos, e deem-nos o crédito que acreditamos merecer.

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