Continuadamente desconfinado

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A Áustria regressa ao confinamento geral, registando 16.000 novos casos em 24horas. Porquê? Tudo indica que é um dano colateral provocado pela sua fraca taxa de vacinação - cerca de 60% da população. Para além da Áustria, testemunham-se manifestações contra o retorno das restrições um pouco por toda a Europa.

Por cá, o Governo nacional, após reunir com as entidades competentes, prepara-se agora para ouvir amanhã os partidos com assento parlamentar. Depois disso virá uma decisão sobre o nosso futuro imediato, isto no que ao controlo da pandemia concerne.

Tentando antecipar o que aí vem, espera-se uma atuação a dois níveis: por um lado, a ação estritamente terapêutica, isto é, a administração da 3ª dose da vacina em maiores de 65 anos e nos mais vulneráveis, assim como o regresso da testagem em massa, sempre que justificável; por outro, as medidas que assegurarão a paz social, como seja a manutenção do distanciamento, o uso da máscara ou a continuidade do teletrabalho.

Portugal apresenta uma taxa de vacinação a rondar os 90% (das melhores a nível mundial). O "relaxamento" que ainda se vive a esse número se deve. Portanto, agora que está comprovado que o regime de "porta aberta" não é suficiente para a administração da 3ª dose da vacina, há que engendrar novos modelos de atuação.

Subsiste uma negação paradoxal no ar: tentar proteger os que não se querem imunizar, sabendo em antemão que os efeitos do vírus serão mais graves nos não vacinados. Esses, que decidiram não alinhar na proteção individual e coletiva, estão agora no centro das decisões futuras. Uma das questões centrais passa por equacionar tomar medidas de foro legislativo para tornar a vacinação num ato cívico e obrigatório.

O que se espera do Governo é que, como tem vindo a fazer, e depois de ter auscultado as entidades competentes e os partidos políticos, possa diligenciar moderadamente através de ações que respondam às necessidades de saúde geral da população. Só desse modo se continuará a gerar na sociedade um sentimento de segurança promotor de um clima de paz social.

Esse trabalho central, a ser executado em estreita articulação com as autarquias locais, é o que poderá permitir a Portugal continuar a liderar a contenção deste maldito vírus e todos os seus efeitos secundários, do recobro dos doentes à recuperação económica.

Em suma, com passos seguros e objetivos, continue-se o caminho feito até aqui para que Portugal mantenha o estatuto de país exemplar. Passará tanto por quem nos gere como por cada um de nós.

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