Na semana em que passou a ser possível a apresentação das pré-candidaturas aos contratos de associação para o reforço da rede de pré-escolar, ficámos também a conhecer um estudo da rede europeia Eurydice onde se analisa os sistemas de educação e cuidados na primeira infância de 37 países.No relatório Dados-chave sobre a Educação e Cuidados na Primeira Infância na Europa - 2025, os dados referentes a Portugal confirmam as desigualdades no acesso à educação pré-escolar pelas crianças com menos de quatro anos, principalmente as que residem nos grandes centros urbanos.Segundo o documento, os miúdos com cinco anos têm praticamente todos acesso ao último ano no pré-escolar (99,8%) e a oferta da rede às de quatro anos está nos 96%. Já no que diz respeito ao primeiro ano de pré-escolar - os três anos - essa oferta cobre 81,9% da procura. Ou seja, na antecâmara do 1.º ciclo Portugal consegue alcançar o objetivo europeu para 2030.Além das estatísticas, o relatório destaca o facto de haver dificuldades de oferta de lugares nas zonas com maior densidade populacional. É aí que a decisão de apoiar a abertura de cerca de 200 salas, com um incentivo de 15 mil euros por cada uma, com prioridade para as crianças que beneficiam da Ação Social Escolar (ASE), surge como a tentativa de minimizar essa desigualdade. No que diz respeito a zonas prioritárias, à cabeça surge a Área Metropolitana de Lisboa.Esperemos agora pelo resultado das candidaturas (possíveis até 13 de maio) e pela rapidez do Estado em avançar com os processos de forma a que no início do ano letivo 2025/26 as queixas sobre a falta de lugares nesta valência sejam reduzidas, ou, numa expetativa muito otimista, nenhumas.Porém, há um outro ponto que merece reflexão: em Portugal, as crianças passam, em média, 39 horas por semana nas creches (dos zero aos três anos) e 38 horas/semana no jardim de infância (3-5 anos), o que é acima da média da União Europeia, que é de 30,6 horas. Ou seja, além das 25 horas semanais gratuitas que as crianças passam no jardim de infância em atividades curriculares ,continuam na escola ao longo do dia, pois os pais não têm condições para os ir buscar mais cedo do que, muitas vezes, às 18h00/19h00.E ste é um tema extremamente importante e com impacte no desenvolvimento das crianças destas idades, ao qual os governantes com responsabilidade - ministérios da Educação e do Trabalho - deviam dar atenção. Editor executivo do Diário de Notícias