As forças de segurança atuam a pedido?
Na lista de assuntos que em Portugal geram sempre muitos comentários e outras tantas teses está o item forças de segurança, a sua atuação, as operações que protagonizam e onde. É, aliás, um dos temas que mais tensão cria na sociedade e entre partidos políticos, com visões muito diferentes sobre como deve ser a ação, principalmente de Polícia de Segurança Pública e Guarda Nacional Republicana.
Se é verdade que no Relatório Anual de Segurança Interna referente a 2023 os dados sobre a criminalidade geral referem 8,3% de aumento, comparando com o ano anterior, também é certo que não se pode associar diretamente essa subida aos imigrantes, como uma parte (cada vez maior) da sociedade pretende.
E a verdade é que o próprio Governo tem ajudado a esta visão. Por exemplo, no dia 8, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse que o Executivo tinha dado instruções às forças de segurança para reforçarem a fiscalização contra a imigração ilegal e o tráfico de pessoas. O resultado mais visível desta indicação foi uma megaoperação no Martim Moniz, em Lisboa, onde no cumprimento de alguns mandados de detenção a PSP conseguiu deter um (1) imigrante em situação ilegal.
Mas, ao menos, ficámos a saber que a polícia está atenta ao que dizem os governantes. Ou então foi uma grande coincidência.
Para não ficar atrás nos pedidos às autoridades, ontem foi a vez de a Câmara de Lisboa aprovar, com os votos contra do PSD/CDS-PP, um pedido ao Governo: suspenda a campanha Portugal Sempre Seguro. Da autoria da vereadora única do Bloco de Esquerda, Beatriz Gomes Dias, esta moção condena a megaoperação policial que pretendeu, segundo o documento, “alimentar um falso discurso acerca da perceção de segurança em algumas áreas do país e da cidade”.
Ficamos à espera para perceber se as operações deste tipo continuam, e em que moldes, ou se vamos voltar aos discursos de que Portugal é o 7.º país mais seguro do Mundo, segundo o Índice Global da Paz, um ranking com 163 países.