Alexandra Leitão: depois da ansiedade veio a bonança
Que Alexandra Leitão é uma excelente candidata à Câmara Municipal de Lisboa não é surpresa para mim. Quem, como eu, teve o privilégio de trabalhar com ela, conhece-lhe as qualidades, admira-lhe o caráter e a sensibilidade, aprecia-lhe a capacidade de trabalho e o conhecimento dos dossiês, estima-lhe a inteligência e as convicções.
Não querendo ser encomiástico, até porque a candidata do Partido Socialista não precisa de discursos laudatórios e tem, obviamente, defeitos que decorrem da sua humanidade, a verdade é que a escolha para protagonizar esta empreitada não podia ter sido mais acertada. Basta aliás ver, ouvir e ler as reações do incumbente, do atual ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e de mais alguns articulistas encartados da direita mais reacionária, para percebermos que Alexandra Leitão é uma adversária que temem, que os deixa apreensivos e que lhes impõe respeito.
Quando às primeiras horas de um anúncio, a única coisa que têm para dizer e repetir ad nauseam é que a candidata representa “um PS radical”, que é “extremista”, que “tem derivado para o populismo”, e que é prova material de que “o PS de Mário Soares já não existe”, significa que veem nesta candidatura alguém capaz de os derrotar.
Quem fala de radicalismo e de extremismo esquece-se que, à esquerda, a soma das diferentes partes, com o PS na liderança da governação, produziu sempre melhores e mais valiosas soluções para o país e para os portugueses. Foi assim em Lisboa com Jorge Sampaio e João Soares, foi assim no país com António Costa e a geringonça. Aliás, os portugueses e os líderes europeus reconheceram os méritos desses períodos governativos, quando elegeram Jorge Sampaio Presidente da República derrotando de forma categórica o dr. Cavaco à primeira volta em 1996, e elegendo António Costa presidente do Conselho Europeu, tornando-o o primeiro socialista a exercer o cargo. Alguém, no seu perfeito juízo, acha que os portugueses e os líderes da conservadora Europa, entregavam os seus votos a extremistas radicais? Haja decoro.
E depois, convenhamos, gente que está capturada pelo discurso da extrema-direita e acantonada nas suas legítimas convicções ultraconservadoras vir dizer que o “PS de Mário Soares já não existe”, só pode ser por ignorância histórica - estão, seguramente, esquecidos dos encontros na Aula Magna ou do apoio expresso que deu à coligação de esquerda que governou Lisboa durante vários anos - ou por falta de decência.
A verdade é que, para mal da Democracia portuguesa, aquilo que já não existe é o PPD moderado de Francisco Sá Carneiro, com quem eles adoram, aliás, encher a boca.
Mas voltemos à Alexandra Leitão e à candidatura do PS à Câmara Municipal de Lisboa. Aquilo que é preciso é ter a consciência de que este será um combate político muito difícil, mas que não é impossível de ganhar, muito pelo contrário. Temos que estar focados nos Lisboetas e nos seus problemas. A verdade é que a qualidade de vida na cidade regrediu e esta está muito pior com Carlos Moedas do que com Fernando Medina.
A resolução da catástrofe que é o lixo em cada esquina, a promoção de políticas metropolitanas de habitação e de mobilidade, a dinamização da cultura, a requalificação dos espaços verdes e a aposta na economia local com a valorização do comércio e das empresas que se instalem em Lisboa, têm de ser prioridades nossas. Mas também a segurança. Sim, este é um tema sensível até porque mexe com as perceções das populações. E por isso seria um erro deixá-lo nas mãos da direita e da extrema-direita. O PS tem a obrigação de assumir a segurança como prioridade em articulação com as polícias, até porque já sabemos o que acontece de cada vez que é a direita a tomar conta deste assunto: Encostam-nos à parede!
Em conclusão, feita a escolha por Pedro Nuno Santos e aceite o desafio por Alexandra Leitão, podemos dizer que, depois da ansiedade natural entre os socialistas, chegou a bonança.
Membro do Secretariado da Comissão Política Concelhia do PS/Lisboa