A UE obcecada com a guerra
Donald Trump quer continuar a impor o domínio norte-americano à escala global, utilizando para esse fim todos os meios ao seu alcance, incluindo a força. Prova disso é a sua intenção de expulsar a população palestiniana da Faixa de Gaza e tomar conta daquele território.
Trump quer continuar a garantir o negócio bilionário da produção e venda de armamento. Por isso disse recentemente que quer que os países membros da NATO aumentem as suas despesas militares até 5% do seu PIB, naturalmente adquirindo equipamento militar aos EUA.
Trump considera que o principal adversário dos EUA é a China e está apostado em fazer esse confronto das mais variadas formas, recorrendo a todos os instrumentos e criando as condições que lhe sejam mais favoráveis para esse embate. A utilização das taxas alfandegárias para fazer guerra comercial aos produtos chineses ou posições recentes procurando fazer de Taiwan um aríete contra Pequim dão uma dimensão dessa atitude de confronto com a China. As chantagens e iniciativas junto de países que têm relações mais estreitas com a China, no sentido de os distanciar, é outro dos elementos relevantes nessa estratégia.
É este o contexto em que devem ser interpretadas as declarações e as ações de Trump sobre o fim da guerra na Ucrânia.
Não há ali nenhum posicionamento geral de recusa da guerra e promoção da paz. Pelo contrário, estamos perante mais um presidente norte-americano que revela estar empenhado na gestão do militarismo e da corrida aos armamentos da forma que lhe for mais conveniente.
A sua motivação não é promover a solução que é verdadeiramente necessária no conflito, que tem de ser uma solução de paz e de segurança colectiva na Europa, isto é, de todos os países, do Atlântico aos Urais. As suas declarações sobre as relações entre os EUA e a Rússia devem ser interpretadas em função do objetivo de provocar o distanciamento da Rússia face à China por conveniência táctica norte-americana.
Olhando friamente para todos estes elementos da política externa norte-americana protagonizada por Trump não é difícil encontrar-lhes uma racionalidade própria, claramente associada e dependente daquilo que considera ser a estrita defesa dos interesses norte-americanos.
O que não é possível aceitar é que a União Europeia, pela voz dos responsáveis das suas instituições ou dos chefes de Estado e de Governo das suas potências, queira insistir no prolongamento da guerra na Ucrânia em vez discutir uma solução de paz e segurança colectiva, promovendo o militarismo em vez de contrariar a corrida aos armamentos, insistindo na guerra como o motor da economia e da produção industrial em vez de dar prioridade às necessidades económicas e sociais dos povos.
A quem serve esta obsessão da UE com o militarismo e a guerra? Aos povos não é certamente.
Eurodeputado
Escreve sem aplicação do novo Acordo Ortográfico