6 de janeiro outra vez
Enquanto por terras lusas se vão preparando, com maior ou menor dinamismo, os próximos atos eleitorais, pelo mundo fora assiste-se ao desenrolar de um novelo que trará uma nova era. E, como se costuma dizer, para começar algo novo é necessário terminar o passado. Infelizmente, a Europa parece ser um desses exemplos no que respeita a uma era diferente.
Comece-se pelo impasse germânico. Esse espera-se que continue, pelo menos, até à primavera. De acordo com as últimas sondagens, será necessário recorrer a uma intensa, e complexa, negociação para formar governo. As eleições acontecerão em 23 de fevereiro próximo, portanto cenas dos próximos capítulos irão chegando até lá.
Os vizinhos gauleses também são um dos arquétipos de agitação, dado que se encontram a braços com uma crise política nascida nas eleições europeias. Já quase se perdeu a conta às sucessivas tentativas de formação de governo. Com o cenário atual, entre os dois extremos (esquerda e direita), parece estarem na bancada os ingredientes para a tempestade perfeita.
E já que os extremos foram mencionados, Giorgia Meloni visitou Donald Trump em Mar-a-Lago. O resultado desse encontro aparenta ter sido muito positivo para ambos, logo há que aguardar por ações práticas que beneficiem tanto americanos como italianos.
Se o subtema é “extremismo”, a extrema-direita austríaca não pode ficar de fora. Após a queda do governo centrista moderado, o Presidente austríaco (antigo militante dos “Verdes”) viu-se forçado a convidar Herbert Kickl para formar governo conjuntamente com o partido conservador (OVP).
O contexto político na Áustria adveio da vitória nas legislativas do partido eurocético, pró-russo e de extrema-direita, Partido da Liberdade (FPÖ), com 29% dos votos. Contudo, não houve nenhum outro partido que se disponibilizasse para formar uma aliança governativa, o que acontece agora com os conservadores.
Por fim, do outro lado do mundo, 40 anos depois do pai, Justin Trudeau abandona a liderança do partido liberal. Em simultâneo, anunciou também que deixará o governo mal o partido escolha um novo líder. Relembre-se que Trudeau sempre fez frente a Trump, sendo também essa uma das razões que o colocaram debaixo de fogo.
O canadiano larga o comando do partido e do Canadá a meses das eleições, com a popularidade em baixo, tentando que o resultado do próximo sufrágio não seja aquele que as sondagens têm previsto. Este foi o anúncio do fim de uma era e a abertura para a chegada de um novo líder, que surgirá via eleições até ao próximo 20 de outubro.
A 20 de janeiro, pelas 12h locais, ocorrerá a “inauguração” do mandato presidencial americano, como consta na 20ª emenda à Constituição americana.
Todos os exemplos citados suscitam uma imagem internacional que seguramente não corresponde à perceção dos seus concidadãos. Esta conclusão justifica-se nas crises que enfrentam atualmente. Hoje, exatamente 4 anos após o ataque ao Capitólio, decorre uma cerimónia idêntica: a confirmação da eleição do presidente americano. Neste caso, malogradamente, é o regresso a uma era antiga.