5 desafios para a UE nos próximos 5 anos
A União Europeia está perante vários desafios, em geral difíceis e exigentes, o que torna difícil selecionar os que se destacarão no próximo mandato do Parlamento Europeu. No entanto, com as eleições ao virar da esquina, importa refletir sobre alguns deles.
1. Começaria com o desafio de compatibilizar o nosso modo de vida com os objetivos da transição climática. Estaremos disponíveis para andar menos de carro e mais de transportes públicos? A mudar algumas das formas como produzimos bens agrícolas ou industriais? A prolongar a vida dos produtos de consumo, como a roupa que vestimos? Ou seremos muito “verdes” nas palavras, mas conservadores em tudo o resto?
2. Destacaria a seguir o desafio de adaptar o modelo social europeu a um mundo com menos trabalho, com menos empregos como os que conhecemos hoje, devido à crescente automatização de muitas atividades hoje desempenhadas por pessoas. Que outras atividades vamos valorizar? Que tipo de contribuições devemos pedir às empresas automatizadas para garantir a sustentabilidade da segurança social? Como apoiaremos socialmente esta transição nas competências?
3. Há ainda um terceiro desafio, este para a própria União Europeia e as suas instituições, que terão de encontrar um novo modelo de funcionamento e até de financiamento, que permita acolher os novos Estados-Membros até 2030. Esse alargamento é, além do mais, importante para reforçar a posição geopolítica da Europa, mas não é possível sem revisão do sistema institucional e sem reforço do financiamento da UE.
4. Não podemos esquecer também o desafio do investimento na defesa, ainda mais urgente se o resultado das eleições americanas puser em causa o papel da NATO. Como vamos garantir a segurança coletiva dos Estados-Membros perante ameaças diversas, como o terrorismo, os ciberataques, a instabilidade em regiões vizinhas e outras formas de agressões híbridas que requerem, cada vez mais, uma resposta conjunta e eficaz?
5. E por fim, mas não menos importante, vem o desafio da preservação dos valores europeus. Assistimos a manifestações racistas de extrema-direita que alimentam ataques contra imigrantes, como recentemente no Porto, ou mesmo contra candidatos às eleições europeias, como aconteceu a Matthias Ecke do SPD, atacado enquanto pregava cartazes eleitorais na rua.
Não podemos ignorar os recuos nos direitos das mulheres que julgávamos adquiridos, com linguagem bafienta do passado. Como combater quem incita a este tipo de comportamentos, espalhando notícias faltas e procurando gerar ódio em diferentes quadrantes da sociedade? Como lidar com mensagens tão fáceis como falsas para assuntos complexos? Não tapemos os olhos. A União Europeia está sob ataque da direita populista, que a deseja destruir por dentro. Infelizmente, não é claro se a direita democrática vai resistir a este populismo.
Deixo de fora, de certeza, muitos outros desafios que estarão na agenda do próximo Parlamento, alguns dos quais conectados com os cinco que enumerei, desde a reindustrialização à proteção das crianças no mundo digital. E deixo, sobretudo, para os leitores o desafio principal, que é o de fazerem, também, esta reflexão e estabelecerem as vossas prioridades e pressionarem para que elas se tornem nas escolhas do próximo Parlamento Europeu.
No dia 9 de junho, vota-se em muito mais do que nos nossos representantes. Decide-se também em que Europa vamos querer viver.