OMS e OIT apelam a medidas para lidar com problemas de saúde mental no trabalho
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) fizeram esta quarta-feira um apelo para que se adotem ações concretas para responder aos problemas de saúde mental da população ativa. E lançam novas diretrizes para responder aos problemas de saúde mental dos trabalhadores. "O objetivo é apoiar a prevenção dos riscos para a saúde mental, proteger e promover a saúde mental no trabalho, e apoiar as pessoas com problemas de saúde mental. Estas são práticas que se devem aplicar aos governos, empregadores e trabalhadores e organizações, nos setores público e privado", sublinham a OMS e OIT num comunicado conjunto.
As duas organizações recomendam a tomada de medidas para lidar com situações de risco para a saúde mental dos trabalhadores como, por exemplo, "a sobrecarga de trabalho, comportamentos negativos e outros fatores que causam sofrimento no local de trabalho". A organização recomenda também a formação de dirigentes, "para reforçar a capacidade de prevenir ambientes de trabalho desgastantes e dar resposta aos trabalhadores e trabalhadoras em situação de stress", avança a OIT em comunicado.
A OMS e OIT propõem ainda melhores formas de acomodar as necessidades dos trabalhadores com problemas de saúde mental. São propostas "intervenções que apoiem o regresso ao trabalho e, para quem tem problemas de saúde mental mais agravados, proporcionem intervenções que facilitem o acesso a um emprego remunerado".
Em 2019, a nível mundial, mil milhões de trabalhadores viviam com uma perturbação mental e 15% dos trabalhadores sofriam de problemas psicológicos, segundo dados avançados pelo relatório da OMS, World Mental Health Report (Relatório Mundial de Saúde Mental) publicado em junho deste ano.
"O trabalho aumenta questões sociais que, por sua vez, afetam de forma negativa a saúde mental, incluindo a discriminação e a desigualdade. O assédio moral e a violência psicológica são as principais queixas relacionadas com o assédio no local de trabalho que têm também um impacto negativo na saúde mental", diz o comunicado conjunto da OIT e OMS.
Ainda de acordo com o relatório, estima-se que são perdidos anualmente 12 mil milhões de dias de trabalho devido à depressão e ansiedade. Este valor tem um custo para a economia mundial de cerca de mil milhões de dólares (cerca de 1039 mil milhões de euros), explica a nota.
A ansiedade e a depressão agravaram-se, devido à pandemia de covid-19, e aumentaram 25% a nível mundial. Em 2020, os governos gastaram, em média, só 2% dos orçamentos em saúde na saúde mental, com os países com rendimentos médios inferiores a 1% a investirem também menos de 1%.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que "é tempo de nos concentrarmos no efeito prejudicial que o trabalho pode ter sobre a nossa saúde mental". O bem-estar do indivíduo é razão suficiente para agir, mas uma saúde mental deficiente também pode ter um impacto debilitante no desempenho e produtividade de uma pessoa".
O líder da OMS acrescenta que "as novas diretrizes podem ajudar a prevenir as situações de trabalho e as culturas organizacionais negativas e a proporcionar uma proteção e um apoio em matéria de saúde mental às pessoas que mais necessitam".
Já o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, avança que "como as pessoas passam uma grande parte da vida no trabalho, um ambiente de trabalho seguro e saudável é fundamental. Precisamos de investir na construção de uma cultura de prevenção em torno da saúde mental no trabalho, reconfigurar o ambiente de trabalho para acabar com o estigma e a exclusão social".