Há 15 anos a Nespresso mudou a forma como os portugueses bebem café. A ‘bica’ ou ‘cimbalino’ passou a poder ser feito a partir de uma cápsula, mesmo lá em casa. Este mês prepara-se para lançar dois novos conceitos de loja, em pleno processo de recrutamento para o centro operacional que a Nespresso deslocalizou da Suíça. “Portugal já tinha a cultura, o perfil das pessoas e infraestrutura para ser um centro destes”, justifica Anna Lenz, diretora-geral da Nespresso Portugal..Em junho, a Nestlé anunciou uma reorganização da estrutura e que Portugal, juntamente com Espanha e Itália, iriam receber três centros operacionais da Nespresso. Na sede da Nestlé Portugal, em Linda-a-Velha, a companhia tem um business centre que presta serviços para o mercado europeu, havendo condições para acolher o centro operacional da Nespresso..O plano era os quadros na Suíça acompanharem a deslocalização. “Vieram pouquíssimos, por compromissos pessoais preferiram ficar na Nestlé ou Nespresso com outras funções ou sair”. Abriu-se, assim, a oportunidade de contratar 50 operacionais, das áreas de engenharia, para dar apoio na logística de pedidos de produção e distribuição a todos os mercados onde a Nespresso está presente. “Estamos a fazer entrevistas. Até ao final de março vamos continuar em lançamento da fase operacional”. Serão 50 colaboradores Nespresso a juntar-se aos 400 que a Nestlé pretende ter no seu business centre até ao início do próximo ano..“Na Europa somos dos maiores de motores crescimento da Nespresso, em valores absolutos. Nos encontros internos, Portugal é destacado como um mercado que está evoluindo muito bem”..“Dentro do lar ainda crescemos, ao nível da penetração de lares. Mas, neste momento, o que faz crescer a Nespresso é que trabalhamos em novos momentos de consumo”, precisa Anna Lenz. O expresso Ristretto ainda é um best seller, mas o consumidor está a mudar a ‘bica’ por outras opções. Entre 2010 e 2015, o consumo de café com leite dobrou. E a Nespresso apostou na oferta de opções, em máquinas e cafés, adequados para Capucinos ou Macchiatos. A forma de beber café está a mudar. E muita dessa mudança poderá ser apontada aos turistas que nos últimos anos têm descoberto o país..Digital e fora do lar com crescimentos de dois digitos.“Somos conhecidos como uma marca dentro do lar, mas hoje grande parte do nosso crescimento vem fora do lar”, admite Anna Lenz. “Com o desemprego ao nível mais baixo dos últimos 20 anos, as empresas têm de dar novamente benefícios aos colaboradores para atraírem e ficarem com os melhores. O café é um dos benefícios muito valorizado pelos trabalhadores. Fizemos pesquisas e eles importam-se mais em ter um bom café do que um lugar na janela, por exemplo.”.“O nosso crescimento vem muito dos escritórios e também do turismo, dos restaurantes, dos hotéis que está a crescer muito”, diz. Hoje esta área de negócio, “já representa mais de 10% do total de receitas” da Nespresso..O canal digital também deu um salto. Há mais de um ano, a Nespresso eliminou os portes de entrega, estendeu os horários de entregas ao domicílio até às 22 horas e aumentou rede de pick up points. Em junho de 2017, a marca comunicou as novidades através da primeira campanha de comunicação produzida localmente. “Explodiu o negócio do online. É o canal que mais cresce de todos os canais. Também dois dígitos”, revela..Mas a aposta da marca não passa apenas por este canal. Este ano, investiu 500 mil euros na abertura da primeira loja na Madeira - “dobramos a base ativa de clientes” - e, nos Açores, para reduzir a demora nas entregas, abriu em maio um centro de distribuição em São Miguel (para servir esta ilha) e este mês um segundo na Terceira, servindo as ilhas do grupo central..Na próxima semana vão reforçar a rede de 23 lojas, com a abertura de um novo conceito, a Nano Boutique, no centro comercial Parque Nascente (Rio Tinto). “Mais pequena (20 metros), mas com o mesmo conceito visual da loja do Chiado, cores mais claras, móveis mais redondos, sem barreiras. São áreas pequenas, mas queremos testar outro look & feel”, descreve Anna Lenz..E ainda em novembro, no Centro Comercial Colombo e no Forum do Montijo, vão abrir dois N Points. “Vamos ser hospedados dentro de um parceiro que vende as máquinas. São pontos de acessibilidade, onde os clientes podem comprar apenas cápsulas”, diz a diretora-geral da Nespresso Portugal. “É um teste. Vamos ver qual o resultado dos dois conceitos, para vermos se queremos abrir mais destes formatos no próximo ano”. “De lojas grandes não prevejo aberturas.”