População assistiu a "descarga preventiva" na barragem de Odeleite, concelho de Castro Marim, algo que já não acontecia desde 2018.
População assistiu a "descarga preventiva" na barragem de Odeleite, concelho de Castro Marim, algo que já não acontecia desde 2018.LUIS FORRA/LUSA

Chuva foi de ouro para o Algarve. Região tem água armazenada para quase “três anos de consumo”

Barragens já estão, em média, a 79% da capacidade e ainda falta somar os efeitos da depressão Martinho. Presidente da APA lembra importância dos projetos para dar resiliência à região contra a seca.
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A frequência da chuva nas últimas semanas foi preciosa para a região do Algarve armazenar água e ganhar resposta para períodos de seca. Nesta altura, segundo Pimenta Machado, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, as barragens da região mais a sul do país estão, em média, a 79% da sua capacidade total de armazenamento. Ainda segundo aquele responsável, tais números correspondem a "quase três anos de consumo" da região, sendo que é provável que o registo ainda fique melhor, pois os dados ainda não somam os efeitos da depressão Martinho, embora esta tenha provocado "mais vento do que chuva" no Algarve.

 "Esta situação permite-nos trabalhar com alguma tranquilidade na execução dos projetos em curso para dar maior resiliência à região. O Algarve neste momento está muito mais tranquilo, mas é neste momento em que está mais tranquilo que temos de tomar boas decisões para nos prepararmos para os anos futuros”, afirmou Pimenta Machado, à agência Lusa, sublinhando que permanece a necessidade de nos próximos anos a região se manter focada no combate às perdas de água na atual rede de distribuição ou em acelerar o processo de passar a usar a água das ETAR (Estações de Tratamento de Águas Residuais) para regar os campos de golfe e os jardins. "Isto é uma questão fundamental. Não faz sentido usar a água que nós temos para regar golfe, nem jardins", insistiu o presidente da APA.

Nos últimos meses, o Algarve armazenou mais 200 hectómetros cúbicos de água em comparação com o ano passado, tendo agora reservas para "quase três anos". Quanto às barragens que até há pouco tinham menos água, a da Bravura está agora a 49% da sua capacidade, quando em dezembro estava a 11%, e a do Arade com 58%, quando há poucos meses era a única do país abaixo dos 10%, referiu o dirigente da APA.

População assistiu a "descarga preventiva" na barragem de Odeleite, concelho de Castro Marim, algo que já não acontecia desde 2018.
Armazenamento de água. Barlavento Algarvio sai do vermelho, mas continua muito abaixo da média

Nos últimos dias, houve até a necessidade de fazer “descargas preventivas” nas barragens de Odeleite (97%) e Beliche (92%), que deverão ser suspensas “muito em breve”. 

Em Odeleite, concelho de Castro Marim, esse tipo de descarga não acontecia desde 2018 e foi necessário “abrir comportas por uma questão de segurança", como disse Teresa Fernandes, porta-voz da Águas do Algarve.

Ainda no Algarve, no final de fevereiro, a quantidade de água armazenada na bacia hidrográfica do Barlavento Algarvio tinha ficado acima de 20% (20,7%), o que permitiu à região sair, finalmente, na zona a vermelho, a mais crítica, quando a percentagem armazenada é inferior a um quinto da capacidade. 

Entretanto, na passada sexta-feira, o Governo anunciou, em Faro, que as restrições ao consumo de água no Algarve vão ser aliviadas equiparando todos os setores, com a imposição de reduções de 5% à agricultura, setor urbano e turismo.

com Lusa

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