Chuva foi de ouro para o Algarve. Região tem água armazenada para quase “três anos de consumo”
A frequência da chuva nas últimas semanas foi preciosa para a região do Algarve armazenar água e ganhar resposta para períodos de seca. Nesta altura, segundo Pimenta Machado, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, as barragens da região mais a sul do país estão, em média, a 79% da sua capacidade total de armazenamento. Ainda segundo aquele responsável, tais números correspondem a "quase três anos de consumo" da região, sendo que é provável que o registo ainda fique melhor, pois os dados ainda não somam os efeitos da depressão Martinho, embora esta tenha provocado "mais vento do que chuva" no Algarve.
"Esta situação permite-nos trabalhar com alguma tranquilidade na execução dos projetos em curso para dar maior resiliência à região. O Algarve neste momento está muito mais tranquilo, mas é neste momento em que está mais tranquilo que temos de tomar boas decisões para nos prepararmos para os anos futuros”, afirmou Pimenta Machado, à agência Lusa, sublinhando que permanece a necessidade de nos próximos anos a região se manter focada no combate às perdas de água na atual rede de distribuição ou em acelerar o processo de passar a usar a água das ETAR (Estações de Tratamento de Águas Residuais) para regar os campos de golfe e os jardins. "Isto é uma questão fundamental. Não faz sentido usar a água que nós temos para regar golfe, nem jardins", insistiu o presidente da APA.
Nos últimos meses, o Algarve armazenou mais 200 hectómetros cúbicos de água em comparação com o ano passado, tendo agora reservas para "quase três anos". Quanto às barragens que até há pouco tinham menos água, a da Bravura está agora a 49% da sua capacidade, quando em dezembro estava a 11%, e a do Arade com 58%, quando há poucos meses era a única do país abaixo dos 10%, referiu o dirigente da APA.
Nos últimos dias, houve até a necessidade de fazer “descargas preventivas” nas barragens de Odeleite (97%) e Beliche (92%), que deverão ser suspensas “muito em breve”.
Em Odeleite, concelho de Castro Marim, esse tipo de descarga não acontecia desde 2018 e foi necessário “abrir comportas por uma questão de segurança", como disse Teresa Fernandes, porta-voz da Águas do Algarve.
Ainda no Algarve, no final de fevereiro, a quantidade de água armazenada na bacia hidrográfica do Barlavento Algarvio tinha ficado acima de 20% (20,7%), o que permitiu à região sair, finalmente, na zona a vermelho, a mais crítica, quando a percentagem armazenada é inferior a um quinto da capacidade.
Entretanto, na passada sexta-feira, o Governo anunciou, em Faro, que as restrições ao consumo de água no Algarve vão ser aliviadas equiparando todos os setores, com a imposição de reduções de 5% à agricultura, setor urbano e turismo.
com Lusa