Weinstein: "Ofereci trabalhos em troca de sexo, mas toda a gente o faz"
"Ofereci trabalhos a atrizes em troca de sexo, mas toda a gente o faz e continua a fazer". A confissão é de Harvey Weinstein, o produtor de Hollywood acusado de assédio sexual e figura central num escândalo que deu origem ao movimento #MeToo.
Aquele que era um dos homens mais influentes do cinema norte-americano decidiu confessar-se ao jornalista e escritor grego Panagiotis "Taki" Theodoracopulos, que escreve a coluna "High Life", desde 1977, na revista The American Spectator.
Weinstein não perdeu apenas poder, perdeu muito mais: "O negócio e a reputação, a família, as casas, e enfrenta agora uma pena de prisão", como lembra Taki, que acabou a falar com Weinstein depois de o próprio - e não a sua secretária, como era habitual no tempo em que era todo poderoso - lhe ter ligado a perguntar se este queria "um exclusivo mundial".
A "notícia" era, afinal, uma forma de deitar mais achas para a fogueira da polémica que envolve Asia Argento, outra das mulheres que alega ter sido vítima de Harvey Weinstein.
A atriz foi fotografada a divertir-se com um jovem francês pouco tempo antes de o namorado, o chef Anthony Bourdain, cometer suicídio. Uma amiga veio em defesa de Argento, garantido que o casal tinha uma "relação aberta", e Harvey queria provar que essa informação era falsa.
"Não é verdade, diz Harvey, mas os homens mortos não contam histórias." Sobre esta "fofoca", o jornalista lamentou a atitude do produtor, mas isso não o impediu de o defender, um pouco mais à frente no texto.
"Nenhuma mulher olhou para mim até chegar ao topo em Hollywood. Sim, eu ofereci-lhes trabalhos em troca de sexo, mas isso era o que toda a gente fazia e ainda faz. Mas eu nunca forcei nenhuma mulher".
A confissão de Weinstein surge assim, neste contexto, e aparentemente no decorrer de uma conversa que não teria como objetivo "limpar" a imagem do produtor, ou fazer o contrário: expô-lo.
Taki conta ainda aquilo que assistiu do comportamento de Harvey com várias mulheres.
"Se me deres a tua morada faço de ti uma estrela", era a frase com que o produtor começava a conversa, revela o jornalista. "Algumas diziam que sim, outras que não". A reação de Harvey, conta Taki, era sempre a mesma: "Sorria e passava à seguinte."
"Apesar de saber que me vão chamar preconceituoso, tenho dúvidas acerca das mulheres que vieram dizer, anos depois, que foram violadas por Weinstein, como a Argento, que saiu com o produtor por quase dez anos. Mas o estado de espírito atual na América faz com que seja impossível um julgamento justo", escreve ainda Taki, que vaticina: "O movimento #MeToo enterrará qualquer juiz ou júri que não o condene."
"Já não tiveram o suficiente? [Hervey Wienstein] já perdeu tudo e é chamado de monstro até pelo concierge de um hotel em Londres que me ouviu a discutir a história com o meu editor", diz o grego, sublinhando que "Hollywood sempre tratou as mulheres como lixo".
Harvey Weinstein pode passar o resto da vida na prisão se for condenado por todos os crimes de que foi recentemente acusado.
O produtor apresentou-se no passado dia 9 de julho num tribunal de Nova Iorque, onde declarou inocência perante novas acusações de crimes sexuais graves. No total, está acusado de seis crimes, como agressão predatória e violação em primeiro e terceiro graus, relacionados com três mulheres.
Os crimes implicam uma pena de prisão que pode ir dos 10 anos a uma sentença de prisão perpétua.