Guaidó pede para comunidade internacional encarar "todas as opções"

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, diz que o país está pronto para agir e que todas as opções estão em cima da mesa. A União Europeia condenou o uso da violência na tentativa de entrega da ajuda humanitária.
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Depois de um sábado marcado por tensão e violência na Venezuela, o autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó, anunciou no Twitter que irá pedir formalmente à comunidade internacional que mantenha "abertas todas as opções para conseguir a libertação" do país.

"Os acontecimentos de hoje [sábado] obrigam-me a tomar uma decisão: propor formalmente à comunidade internacional que devemos manter abertas todas as opções para conseguir a libertação desta Pátria que luta e que continuará a lutar. A esperança nasceu para não morrer, Venezuela!", escreveu Guaidó na sua conta oficial do Twitter.

Mais tarde, voltou a usar a mesma rede social para anunciar que se ia reunir com os "aliados" da Comunidade Internacional: "A pressão interna e externa são fundamentais para a libertação". E voltou a manifestar-se dizendo que "todas as opções da comunidade internacional que conseguiram o cerco diplomático que contribuirá para o fim da usurpação, para o Governo de transição e para eleições livres".

No sábado, as forças leais ao Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, impediram a entrada no país de ajuda humanitária, parte da qual enviada pelos Estados Unidos, pelas fronteiras terrestres com a Colômbia e o Brasil. Com o aumento da tensão, houve pessoas a tentar saltar as barricadas para passar de um país para o outro e a ser repelidas pelos militares venezuelanos com gás lacrimogéneo e balas de borracha.

O dia ficou marcado por atos violentos na chegada de ajuda humanitária, com camiões incendiados na fronteira com a Colômbia e outros a regressar ao Brasil, registando-se pelo menos quatro mortos em confrontos e 285 feridos, de acordo com a informação divulgada pela ONG Foro Penal e pelo deputado Juan Andrés Mejía. E, segundo a autoridade migratória colombiana, registaram-se pelo menos 60 deserções nas forças venezuelanas, incluindo 53 militares.

Juan Guaidó deslocou-se à cidade colombiana fronteiriça de Cúcuta, onde tentou liderar a entrada da ajuda humanitária, e anunciou que participará na segunda-feira, em Bogotá, numa cimeira do Grupo de Lima "para discutir possíveis ações diplomáticas" contra o regime de Nicolás Maduro.

"Na segunda-feira, irei participarei na cimeira do Grupo de Lima, para me reunir com todos os chefes da diplomacia da região e também com o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, para discutir possíveis ações diplomáticas", disse Guaidó, antes de anunciar que iria pedir à comunidade internacional para encarar todas as opções para derrubar Maduro.

Na segunda-feira, o Grupo de Lima (13 países latino-americanos e o Canadá) reúne-se na capital colombiana para discutir a evolução da crise na Venezuela.

Guaidó anunciou a sua participação na reunião em Cúcuta, ao lado do Presidente da Colômbia, Iván Duque, e do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.

Na sequência do impedimento da entrada da ajuda humanitária, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmou que Washington "vai tomar medidas" para apoiar a democracia na Venezuela.

"Os Estados Unidos tomarão medidas contra aqueles que se opõem à restauração pacífica da democracia na Venezuela. Agora, é hora de agir para apoiar as necessidades do desesperado povo venezuelano", declarou Pompeo, através da rede social Twitter.

Durante uma entrevista à cadeia de televisão Fox, em que foi questionado sobre a possibilidade de haver uma intervenção militar, o secretário de Estado norte-americano disse que "todas as opções estão sobre a mesa" para "garantir que a democracia prevalece" na Venezuela e avisou que Washington "vai tomar medidas" após os distúrbios registados sábado."Os dias de Maduro estão contados", precisou Mike Pompeo citado pela agência Efe.

Também o antigo presidente norte-americano Bill Clinton escolheu a sua conta no Twitter para condenar a violência na Venezuela e manifestar apoio a Juan Guaidó, à Assembleia Nacional e ao povo da Venezuela, para que possa exercer o "direito de viver em paz, escolher os seus líderes e decidir seu futuro, em harmonia com seus vizinhos".

Juan Guaidó, presidente do parlamento venezuelano, lidera a oposição ao regime de Nicolás Maduro, e autoproclamou-se Presidente interino há um mês, com o reconhecimento de cerca de 50 países, incluindo Portugal, comprometendo-se a convocar eleições.

UE condena violência

"Fazemos um forte apelo aos organismos de segurança de cumprimento da lei para que mostrem moderação, evitem o uso da força e permitam a entrada de ajuda", referiu a alta representante da UE para a política externa, Federica Mogherini, em comunicado.

Repudiando "o uso de grupos armados para intimidar civis e legisladores", a UE apelou ao Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para que "reconheça a emergência humanitária" dada a escalada de tensão no país.

Entretanto, o ministro dos Assuntos Exteriores de Espanha, Josep Borrel, avisou hoje que Espanha não apoiará uma intervenção militar estrangeira na Venezuela e assegurou que nem todas as soluções sobre a mesa ajudam a encontrar uma saída para esta crise. "Temos dito claramente que não apoiaremos e condenaremos firmemente qualquer intervenção militar estrangeira, que esperamos que não venha a acontecer", referiu o governante.

De acordo com o El País, já não se encontram camiões na fronteira do Brasil com a Venezuela, de onde desapareceu a bandeira da Venezuela. Terão regressado ao Brasil, depois da tentativa falhada de passar a fronteira, e não voltaram.

No Twitter, Nicolas Maduró publicou um vídeo dos manifestantes da rua, dizendo que "o povo está unido, mobilizado e alerta" e pediu à população para "não baixar a guarda" na luta para "preservar a paz na Venezuela".

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