Ursula Von der Leyen inicia primeira visita oficial a Portugal
Ursula Von der Leyen aterra hoje em Lisboa, para uma visita oficial, para no Conselho de Estado, na primeira vez que este órgão volta a ter reuniões presenciais, depois do confinamento.
Mas, já hoje, a presidente da Comissão Europeia tem agendada uma visita ao Instituto Ricardo Jorge, e à Fundação Champalimaud, em Lisboa, ao lado do primeiro-ministro António Costa, onde vão apresentar os planos de recuperação de Portugal e o da União Europeia.
Von der Leyen chega com a promessa de que Portugal será um "importante beneficiário" do fundo de recuperação. Mas com uma agenda oficial repleta, nas 24 horas que estará no país, Von der Leyen, não terá tempo para mais.
De acordo com fonte do gabinete da presidente da Comissão Europeia, o programa compacto não deixa espaço para qualquer iniciativa informal, à margem dos encontros, reuniões e visitas oficiais.
Além disso, o programa foi pensado ao detalhe, tendo em conta as condicionalidades impostas pelo novo coronavírus.
Ainda assim, em Portugal, Von der Leyen não tem qualquer medida excecional prevista, no âmbito da proteção anti-covid 19, da própria presidente.
A líder do executivo comunitário respeitará as normas comuns, como o distanciamento físico, e a utilização de máscara, seguindo as orientações das autoridades sanitárias do país.
Ao que o DN apurou, o programa da visita esteve em aberto durante todo o fim de semana, com a possibilidade de alterações de última hora, de acordo com a evolução da situação epidemiológica em Lisboa.
No regresso a Bruxelas, também não tem prevista medidas extraordinárias, ainda que a chegada à capital belga aconteça a dois dias da cimeira, em que vai participar, para discutir a abordagem europeia à crise sanitária, e que já foi adiada, curiosamente, pela quarentena de Charles Michel.
Também numa deslocação ao estrangeiro, o presidente do Conselho Europeu esteve em contacto próximo com um infetado e por precaução adiou a cimeira.
Em Lisboa, Ursula von der Leyen reafirmará o compromisso de Bruxelas para ajudar Portugal na retoma. Nomeadamente através do programa NextGenerationEU, com o qual o país podem vir a receber mais de 15 mil milhões de euros de subsídios.
Recorde-se que quando em maio apresentou a estratégia para recuperar a Europa, a Presidente da Comissão Europeia destinou para Portugal um montante 15 mil e 500 milhões de euros a fundo perdido, e 10 mil e 800 milhões numa base de empréstimos voluntários.
A presidente da Comissão tem, por várias vezes, nos seus discursos, nomeadamente no Parlamento Europeu, feito referência a Portugal, citando o país como exemplo em diversas áreas.
Em abril, já e pleno período de confinamento, Von der Leyen elogiou o contributo de Portugal no combate à pandemia, mostrando-se sensibilizada com o gesto de "voluntários portugueses que costuram máscaras para os vizinhos". A presidente considerou até que este poderia ser um "exemplo" para combater uma certa "falta de inspiração", para combater o populismo.
Num dos seus últimos discursos, em Estrasburgo, antes do cancelamento das reuniões na sede do Parlamento Europeu por causa da pandemia, Ursula von der Leyen citou o "exemplo" de Portugal em matéria de "energia limpa".
A presidente da Comissão Europeia procurava ilustrar os diferentes cenários em "todos os Estados-membros", que "têm pontos de partida diferentes", em matéria de combate às alterações climáticas. Portugal segue na dianteira e é um exemplo.
"Portugal começou a sua transição climática em 2005 e investiu de forma significativa desde então", afirmou a presidente referindo-se aos investimentos públicos nas energias renováveis, iniciadas no primeiro governo de José Sócrates.
"Em 2023, [Portugal] irá encerrar a sua última mina de carvão mineral, já tem um superavit de energia renovável e, juntamente com o governo holandês, está a trabalhar e a preparar a energia de hidrogénio verde", destacou a presidente, admitindo que Portugal pode até dar um contributo para que o resto da Europa possa fazer a sua transição para o consumo da chamada "energia limpa".
"A questão para Portugal é como transportar a sua energia renovável através de Espanha e de França para os outros países onde esta energia é necessária", afirmou, considerando que de "uma perspetiva portuguesa, o Pacto Ecológico Europeu tem a ver com infraestruturas de energia, com as interligações e com a adaptação e um ajuste às alterações climática".
"Portugal é um dos países mais afetados pelas alterações climáticas: tem uma longa costa, tem furacões, cheias e fogos florestais de grande dimensão que já causaram um grande impacto - no ano passado morreram 60 pessoas", apontou a presidente da Comissão.