Um chocolate com 120 anos encontrado na Austrália
É um achado próprio do Natal e dado a conhecer esta quinta-feira pela BBC. No espólio do poeta Banjo Paterson, recentemente adquirido pela biblioteca da Austrália, encontrava-se com uma caixa de chocolates com 120 anos.
"O chocolate está em bom estado", diz Shirleene Robinson à BBC. "É um dos mais bem preservados chocolates desta idade", diz ainda a historiadora da Biblioteca da Austrália, sobre esta caixa datada de 1900, em que o alimento sobreviveu mais tempo do que o papel alumínio que o envolvia (e que se começou a desintegrar)
As imagens deixam ver a gravação da fábrica de chocolate que a produziu, a Cadbury, em todos os dedos de chocolate que estão na caixa.
Banjo Paterson (1864-1941) é um dos mais reconhecidos poetas australianos - autor de Clancy of the Overflow" (1889) e The Man from Snowy River (1890) - e um autor dedicado à vida rural do país, sobretudo Nova Gales do Sul, onde cresceu. É também de Waltzing Matilda, "quase um segundo hino da Austrália", segundo a historiadora. Tâo conhecido que a sua cara está estampada nas notas de 10 dólares do país.
Também foi jornalista e, durante a Guerra Boer, foi correspondente. Foi nessa qualidade que terá chegados aos chocolates agora encontrados, uma oferta da rainha Vitória enviada aos soldados na viragem de 1900 para manter a moral das tropas alta.
A encomenda foi pedida à Cadbury que, segundo a BBC, se mostrou relutante em satisfazer o pedido da monarca. Os donos eram pacifistas que não queriam participar na guerra.
A Cadbury e o chocolate são uma história antiga. A fábrica terá adquirido a reconfortante e medicinal receita de leite e cacau a Hans Sloane, médico e naturalista inglês cuja coleção deu origem ao Museu de História Natural, em Londres. Hans Sloane terá tomado conhecimento da existência da planta na Jamaica. Em vez da água, com que se misturava então, começou a usar leite quente e foi esse segredo que passou à Cadbury.
Na Cadbury acabaram por aceder e doar os chocolates. À rainha coube encomendar, e pagar, a caixa de lata onde eram enviados.
Essas caixas transformaram-se em objetos muito procurados na frente de guerra e chegaram a custar 20 libras cada uma. Terá sido assim que Banjo Paterson chegou a elas, seja por ter adquirido ou por ter trocado.
Em qualquer caso, e segundo Shirleene Robinson, a caixa e o seu conteúdo eram valorizados por Banjo Paterson, só assim se explicando que os tenha guardado intactos muito para lá do ano em que foram lançados - de 1900 a 1941 (ano em que morreu).
Um trabalho diferente no século XXI e na Biblioteca da Austrália, onde procuram agora preservar o melhor que podem o achado - com fotografias e digitalizações que permitam compreender no futuro as dimensões deste achado.