Trump recua e garante que NATO deixou de ser obsoleta
A NATO está agora envolvida no combate ao terrorismo e os seus membros europeus entenderam a necessidade de gastarem, pelo menos, 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em Defesa, embora apenas oito países o consigam fazer no próximo ano, por isso, disse ontem Donald Trump, a Aliança Atlântica "deixou de ser obsoleta". Fora assim que a qualificara durante a campanha eleitoral, mas na conferência de imprensa conjunta com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, na Casa Branca, garantiu já não ser essa a situação.
No dia em que a Rússia vetou uma resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria, Trump insistiu serem "intoleráveis" imagens de crianças mortas em ataques químicos como o desta semana e, num comentário à visita do secretário de Estado Rex Tillerson a Moscovo, declarou que o mais importante serão os acontecimentos "a longo prazo" e não os imediatos.
Por sua vez, Stoltenberg destacou a importância de a NATO "ser forte e previsível" nas relações com a Rússia, "uma potência que não vai desaparecer e com a qual temos de encontrar uma forma de lidar". O responsável da Aliança frisou que, de facto, os Estados membros estão a aumentar o nível da despesa em Defesa, mas "há ainda algum trabalho a fazer" na matéria.
Conversa sobre Coreia do Norte
Antes de se reunir com Stoltenberg, Trump falou pelo telefone com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, sobre a Coreia do Norte. De acordo com o presidente dos EUA, a conversa "correu muito bem" e realizou-se menos de uma semana após a deslocação do dirigente chinês a Washington, tendo convidado Trump a visitar Pequim ainda este ano. Xi terá dito que fará o necessário para pôr fim ao programa nuclear norte-coreano, mas que a crise deve ter solução pacífica.
Um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros refere que "a China deseja a desnuclearização da península (...) e atuará em coordenação com os americanos". A conversa entre os dois presidentes decorreu no mesmo dia em que um diário oficioso de Pequim, The Global Times, publicou um texto invulgarmente duro em relação a Pyongyang. Nele lê-se que o regime de Kim Jong-un deve suspender o programa nuclear "para sua própria segurança" e "devem ser evitados erros", isto é mais ensaios nucleares ou o lançamento de mísseis balísticos. Caso contrário: "a sociedade chinesa (...) poderia restringir a exportação de petróleo" para a Coreia do Norte, o que representaria um rude golpe para um regime que vive, na prática, em economia de guerra.
"Desiludi o presidente"
Num outro desenvolvimento relacionado com a Casa Branca, o porta-voz Sean Spicer pediu ontem desculpa pelos comentários feitos na véspera em que comparou o Holocausto aos ataques com armas químicas do regime de Assad. Spicer afirmou ainda que nem Hitler chegara ao ponto de "gasear a sua própria população como Assad o está a fazer".
Alvo de uma barragem imediata de críticas, Spicer emitiu, ainda na noite de terça para quarta-feira, um comunicado pedindo desculpa pela comparação e, posteriormente, disse à NBC News ser "inapropriada" e "insensível" aquela comparação. E ontem proferiu um pedido de desculpas "sem reservas" em direto na MSNBC.
"Desiludi o presidente", declarou Spicer, ao afastar a atenção daquilo que Trump conseguiu numa "semana extraordinária" em que recebeu o presidente Xi Jinping e ordenou o ataque contra a Síria.
"Esta é uma época santa para os judeus e cristãos e ter feito uma gafe como esta, um erro de facto, é indesculpável e repreensível", declarou um Spicer contrito, pronunciando as palavras num tom de voz baixo. "É doloroso para mim saber que fiz isto", disse.
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