Texas vai facilitar ainda mais o uso de armas, apesar do massacre de El Paso
O tiroteio de El Paso, no estado do Texas, foi um dos mais mortíferos da história moderna dos EUA e voltou a acender a polémica à volta da legislação que facilita a aquisição, o uso e porte de armas de fogo por parte dos cidadãos. O supremacista branco Patrick Crusius, de 21 anos, entrou num centro comercial e de arma na mão abriu fogo. 22 pessoas morreram. Agora o estado onde este massacre aconteceu prepara-se para novas leis que vão facilitar (ainda mais) a posse e uso de armas.
Se as restrições já não eram muitas, a partir do próximo mês ainda vão ser menos no Texas numa altura em que é exigido um maior controlo de armas, depois dos tiroteios de El Paso e de Dayton (no estado de Ohio) que provocaram a morte a mais de 30 pessoas. A legislação que foi aprovada vai permitir, por exemplo, armas em igrejas e em recintos escolares, conforme noticia a CNN.
A partir de 1 de setembro, com a entrada em vigor desta legislação, aprovada antes do tiroteio de El Paso, não vai ser possível proibir as pessoas com licença de porte de armas, incluindo funcionários de escolas, de transportarem e guardarem armas de fogo ou munições nos veículos nos estacionamentos da escola, desde que estas não estejam à vista.
Outra das leis que vai entrar em vigor no próximo mês está relacionada com o número de polícias armados que são mobilizados para cada escola nos EUA. Prevê-se um aumento de agentes armados nos estabelecimentos escolares, públicos e privados, do país.
A nova legislação vai permitir também que se guardem armas de fogo e munições em casas de acolhimento para "proteção pessoal", desde que sejam armazenadas "em locais seguros". O mesmo acontece com os arrendatários de imóveis que não vão poder ser impedidos de possuírem, transportarem ou guardarem armas ou munições nas casas onde habitam.
Os lugares de culto também estão referenciados nestas novas leis. O documento que vai entrar em vigor a 1 de setembro clarifica a posse de armas de fogo em igrejas, sinagogas e outros locais religiosos. Permite aos proprietários de armas a posse legal das mesmas dentro dos locais de culto. "Várias situações já nos mostraram que não existe efetivamente aquilo a que muitos se referem como "zonas livres de armas". Quem tem más intenções não respeita isso, e comete os mais hediondos atos independentemente da lei. Não faz sentido desarmar os tipos bons e deixar a população desprotegida", argumenta a senadora do Texas Donna Campbell para justificar a aprovação desta lei.
Para Campbell, a nova legislação clarifica o facto de as igrejas serem tratadas da mesma forma que outros espaços privados.
Estas novas leis surgem numa altura em que, após os massacres de El Paso e Dayton, o presidente dos EUA propõe um maior controlo de armas.
Donald Trump pediu aos congressistas republicanos e democratas que legislem para exigir uma verificação de antecedentes mais profunda a quem queira comprar armas de fogo, mas sugere que este maior controlo deve estar ligado à reforma da imigração.
"Não podemos deixar que os que morreram em El Paso, no Texas, e Dayton, no Ohio, morram em vão. Da mesma forma para os gravemente feridos. Nunca os poderemos esquecer e a todos os que vieram antes deles. Os republicanos e os democratas têm que se unir para termos uma mais forte verificação de antecedentes, talvez casando esta legislação com a tão necessária reforma da imigração. Temos que ter algo bom, se não ótimo, a sair destes dois eventos trágicos!", escreveu o presidente em duas mensagens no Twitter.
Trump deslocou-se esta quarta-feira a El Paso, no sul do Texas, quatro dias depois de um tiroteio levado a cabo por um homem assumidamente anti-imigrantes que fez 22 mortos, entre os quais nove mexicanos, e 26 feridos. 13 horas depois, em Dayton, um homem matou nove pessoas e feriu outras 27. O atirador foi morto no local pela polícia. O presidente dos EUA também visitou esta cidade do estado de Ohio, onde manifestantes protestaram contra a sua presença.
Aliás, numa manifestação em Dayton foi usado um balão gigante "Baby Trump" para expressar o descontentamento com a retórica antiimigrante do presidente norte-americano, que foi repetida pelo atirador que matou mais de 20 pessoas em El Paso.