"Selva de Calais" demolida. Mais de quatro mil migrantes despejados
A parte norte do campo de migrantes de Calais, no norte de França, será demolida em breve, deixando milhares de pessoas sem qualquer proteção, anunciou hoje a presidente da Câmara da cidade. Em março, a zona sul do acampamento foi destruída, tendo as autoridades francesas deixado agendada a eliminação do restante da "favela infestada de ratos", reporta o The Telegraph.
Os números oficiais apontam para o despejo de 4 500 migrantes, maioritariamente de origem africana e do Médio Oriente. Algumas organizações não-governamentais sublinham, contudo, que serão mais de 6 mil as pessoas afetadas.
O campo de Calais, conhecido como "Selva de Calais" pelas suas condições de vida e higiene deploráveis, acolhe em tendas e cabanas improvisadas migrantes que esperam atravessar o Canal da Mancha e encontrar no Reino Unido uma vida melhor.
A prefeitura local, cujo aval é necessário para que a demolição seja concretizada, recusou comentar a situação, embora, segundo um funcionário da entidade "um campo insalubre não possa ser um projeto a longo prazo."
Natacha Bouchart, autarca de Calais desde 2008, confirma que é intenção do Ministério do Interior não adiar a destruição do que resta do campo. "É absolutamente urgente para esta cidade, para esta gente e para os negócios. Não podemos esperar mais", reforçou.
Em março último, milhares de migrantes foram forçados a se instalarem em campos menores nos arredores da "Selva". Nessa ocasião, não só a demolição não foi solução para o problema em questão como obrigou a Bélgica a reintroduzir temporariamente o controlo na fronteira com Calais (embora integre o Espaço Schengen, que advoga a livre circulação.)
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No ano passado, o fluxo de migrantes que tentavam chegar ao Reino Unido perturbou de tal modo o tráfego entre estes dois país que as autoridades francesas foram obrigadas a aumentar a vigilância policial nesta área.
Desde então, o número de incidentes com habitantes da "selva de Calais" não tem diminuído. Bloqueios de estradas, perturbação das rotas dos camiões de longo curso e infiltração nesses atrelados são alguns dos problemas mais recorrentes.
A Grã-Bretanha está atualmente a construir uma "cerca" em volta da entrada do túnel para evitar a intensificação do fluxo de migrantes.
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