Segurança e funcionário do partido de Macron indiciados por violência

Há ainda três quadros da polícia sob investigação por "intromissão no exercício de função pública"
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O chefe de segurança do Presidente francês, Alexandre Benalla e um funcionário do partido presidencial, Vincent Crase, foram este domingo indiciados pelo crime de violência pela Procuradoria de Paris. E três quadros da polícia estão sob investigação, estes por terem mostrado imagens de videovigilância a Benalla, que também responde por "intromissão no exercício de uma função pública".

O presidente francês, Emmanuel Macron, falou pela primeira vez sobre o caso, considerando "inaceitáveis" os atos que foram atribuídos a Benalla e a Crase. Prometeu que não haverá "impunidade", anunciou a sua equipa.

Os dois homens foram filmados a agredir manifestantes durante um desfile do 1º de Maio, num caso que foi denunciado pelo jornal Le Monde.

No âmbito deste processo, foram detidos no sábado três quadros da polícia de Paris, por "apropriação indevida de imagens de um sistema de videovigilância" e por "quebra de sigilo profissional".

O ministro do Interior francês, Gérard Collomb, será interrogado esta segunda-feira às 10:00 locais (09:00 de Lisboa) pela comissão da Assembleia Nacional dotada de poderes de investigação, segundo o presidente desta comissão, Yael Braun-Piveta (do LREM, partido da maioria presidencial).

O governante "condenou duramente" as ações dos três funcionários, suspensos na sexta-feira de manhã por precaução.

De acordo com várias fontes ligadas ao processo, os três oficiais envolvidos, da Direção de Ordem Pública e Trânsito (DOPC) da Polícia de Paris, são o vice-chefe de gabinete, um comissário e o comandante responsável pelas relações entre a sede da polícia e o Eliseu.

A polícia realizou buscas na casa de Benalla - que está sob custódia policial desde a manhã de sexta-feira - em Issy-les-Moulineaux, nos subúrbios do sudoeste de Paris.

Segundo a procuradoria, as imagens de videovigilância foram "mal comunicadas a terceiros na noite de 18 de julho", precisamente na noite em que este caso foi revelado pelo jornal Le Monde.

Este processo envenenou por vários dias o executivo francês, acusado pela oposição de ter sido informado muito rapidamente das ações de Benalla e de ter tentado abafar o caso.

Três investigações

Benalla, cuja demissão foi anunciada na manhã de sexta-feira, tinha sido convidado como observador da polícia para supervisionar os desfiles do Dia do Trabalhador.

Vincent Crase, empregado do partido de Macron e reservista da polícia, também está sob custódia policial desde sexta-feira.

O chefe de gabinete do presidente Emmanuel Macron, Patrick Strzoda, que estava na comitiva, foi ouvido na quinta-feira como testemunha.

Além da investigação preliminar da justiça, aberta na quinta-feira por iniciativa da Procuradoria de Paris, um inquérito administrativo foi lançado pela autoridade que investiga a polícia e um outro inquérito pela Assembleia Nacional.

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