Rússia acusa EUA de sobrevoarem Irão antes de avião ter sido abatido

"Há informações de que imediatamente após o ataque [ao general iraniano Qassem Soleimani], os iranianos esperavam outro ataque norte-americano", disse, esta sexta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo. Este cenário justificaria o nervosismo nos soldados iranianos que disparam dois mísseis contra um avião ucraniano.
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"Havia pelo menos seis F-35 no espaço aéreo junto da fronteira iraniana", quando dois mísseis iranianos atingiram "por engano" um avião ucraniano, onde seguiam 176 pessoas, afirmou esta, sexta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov. Segundo o ministro, os iranianos terão ficado inquietos com os seis caças norte-americanos e, por isso, disparam contra o avião.

"Há informações de que imediatamente após o ataque [ao general iraniano Qassem Soleimani], os iranianos esperavam outro ataque norte-americano. Não sabiam de que forma iria acontecer, mas havia pelo menos seis F-35 no espaço aéreo junto da fronteira iraniana", disse Sergei Lavrov.

O Irão admitiu, no último fim de semana, que derrubou por engano o avião ucraniano, provocando a morte de 176 pessoas. Apesar de os líderes do Irão se terem esforçado, em declarações públicas, para minimizar as consequências de um ato que foi negado até ao fim (mesmo depois dos serviços de inteligência internacionais garantirem que tinham provas de que tinha sido um míssil iraniano a destruir a aeronave da Ukrainian Airlines), o regime foi abalado por uma onda de protestos internos, com muitos iranianos a saírem à rua em todo o país.

"Quero dizer que, tal como estamos tristes e pesarosos por este acidente, o inimigo ficou eufórico. Julgou ter encontrado uma forma de pôr em causa os nossos militares e questionar a ordem islâmica", acusou o líder supremo do Irão, Ali Knamenei, numa mensagem dirigida a Donald Trump, esta sexta-feira, perante as mais altas figuras do regime.

O avião, um Boeing 737 da companhia aérea Ukrainian International Airlines, descolou de Teerão, com destino a Kiev, despenhando-se dois minutos após a descolagem nos arredores da capital iraniana. O acidente ocorreu horas depois do lançamento de 22 mísseis iranianos contra duas bases da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, em Ain Assad e Erbil, no Iraque, numa operação de vingança pela morte do general iraniano Qassem Soleimani.

O aparelho, com destino a Kiev, transportava 167 passageiros e nove tripulantes de várias nacionalidades, incluindo 82 iranianos, 57 canadianos, 11 ucranianos, dez suecos, quatro afegãos, três alemães e três britânicos.

A investigação às causas do acidente continua a decorrer e o primeiro-ministro ucraniano pediu acesso às caixas negras do avião. Já o seu homólogo canadiano defendeu que estas deveriam permanecer em território francês, num dos pouco laboratório mundiais com a capacidade de descodificar caixas negras danificadas.

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