Restrições alargadas na Europa. Até festas em casa têm limite de convidados

Com os casos a aumentar, Alemanha e Holanda impõem limites de pessoas convidadas nas festas familiares em casa. Itália e Eslováquia seguem em estado de emergência e só a Suécia mantém a sua estratégia, aliviando algumas restrições.
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A estratégia a nível europeu parece clara. Com o inverno a chegar e o número de infeções a aumentar, os países anunciam novas medidas restritivas que incluem mesmo, no caso de Alemanha e Holanda, a limitação de visitas a festa familiares em casa. A Itália, que conseguiu inverter a situação, pondera estender o estado de emergência, medida já anunciada em países como a Eslováquia.

Angela Merkel deixou nesta terça-feira claro que "uma reação é necessária" perante o crescimento do número de casos de covid-19 no país. Com muitas infeções ligadas a festas de casamento e outras reuniões familiares e sociais, a chanceler defendeu ações locais para evitar um novo confinamento nacional. A decisão de limitar as reuniões privadas compete aos estados regionais mas Merkel frisou que é "veementemente recomendado" que as pessoas limitem as listas de convidados a apenas dez em cada casa nas regiões mais afetadas.

Em eventos públicos, as limitações ficaram definidas: numa região onde as taxas de infeção atinjam 35 por 100 mil pessoas haverá um limite máximo de 50 pessoas em reuniões em espaços públicos ou locais alugados. Se as taxas de infeção forem de 50 por 100 mil pessoas, apenas 25 pessoas serão permitidas em reuniões públicas.

Com o contágio em alta um pouco por toda a Europa, Merkel também pediu aos alemães para ficarem na Alemanha durante as férias escolares de outono e anunciou que vai passar a haver multas de pelo menos 50 euros para os clientes que não fornecerem informações verdadeiras de contacto quando jantam em restaurantes, para ajudar ao rastreamento de casos.

Na Holanda, as restrições avançam no mesmo sentido. Com 19 326 casos de contaminação na última semana - 3025 casos de infeção nas últimas 24 horas -, o governo dos Países Baixos impõe, a partir desta quarta-feira, medidas como a possibilidade de convidar apenas até três pessoas para uma casa particular, o encerramento de restaurantes no máximo às 22.00, a proibição de público em eventos desportivos e o limite de capacidade de grupos até 30 pessoas em ambientes internos e 40 em ambientes externos.

Na abordagem local ao contágio, será aplicada a recomendação do uso de máscaras dentro de lojas de grandes cidades (Amesterdão, Roterdão e Haia), medida bastante polémica que até aqui o governo sempre defendeu como de pouca utilidade para conter infeções, o que está a gerar críticas por parte de grandes superfícies comerciais.

Na Itália, com um número de infeções muito abaixo do verificado em França, Espanha ou Reino Unido, as autoridades não estão convencidas de que o coronavírus não volte a causar contágio em massa com aconteceu em fevereiro e março e o governo dá sinais de querer manter as restrições em vigor além de 7 de outubro, data em que finaliza o estado emergência decretado em 31 de janeiro.

"Temos de pedir o prolongamento" do estado de emergência, afirmou a vice-ministra da Saúde, Sandra Zampa, em declarações a uma estação de televisão, esclarecendo que não deve ser confundido com confinamento, já que com o estado de emergência o executivo tem a "possibilidade de agir muito rapidamente se necessário".

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, disse nesta terça-feira que a Itália pode ver a pandemia com "otimismo moderado", mas sublinhou que é necessária a "responsabilidade" de todos. Conte já assegurou que exclui um novo confinamento total do país, mas que se for necessário os encerramentos podem ser realizados por zonas.

A nível regional as medidas têm sido tomadas. Nesta terça-feira entrou em vigor uma portaria do autarca de Bolonha, em cujo centro histórico será obrigatório o uso de máscara durante o fim de semana, das 18.00 de sexta-feira até à meia-noite de domingo. Na região da Campânia, é obrigatório, desde há uma semana, o uso de máscaras ao ar livre, como nas ruas do centro histórico da cidade de Génova até 4 de outubro.

No resto de Itália, as máscaras são obrigatórias sempre em ambientes fechados, mas ao ar livre apenas entre as 18.00 e as 06.00 se for numa zona com muita gente. O país regista 35 875, mortes com um total de contágios que ultrapassa os 313 mil casos.

Na Eslováquia o governo deve anunciar nesta quarta-feira a declaração de novo estado de emergência, dado o aumento de casos. Na vizinha República Checa, as autoridades tencionam seguir a mesma estratégia.

Entre as restrições propostas pelo executivo eslovaco está a interdição, a partir de 1 de outubro, de todos os eventos desportivos e culturais, bem como os serviços religiosos. Os casamentos e as cerimónias fúnebres só serão autorizados se todos os participantes provarem ter testes negativos ao novo coronavírus.

Os restaurantes, bares e cafés passam a fechar às 22.00, as pessoas que não residam sob o mesmo teto terão de respeitar uma distância de dois metros e, no exterior, é obrigatório o uso de máscara.

O uso de máscara era já obrigatório na Eslováquia nos locais públicos e no interior de instituições oficiais e em estabelecimentos comerciais. A Eslováquia, com 5,4 milhões de habitantes, registou até hoje 9574 casos de covid-19, de que resultaram 45 mortes.

Estas medidas seguem-se a outras já impostas em França, Espanha, Reino Unido e outros países, da Rússia a Israel. As principais cidades francesas estão sob fortes limitações nos horários de bares e restaurantes, além de estarem impedidos os ajuntamentos de mais de dez pessoas nos espaços públicos.

Em Espanha, a região de Madrid é a mais afetada e cerca de 850 mil pessoas têm a sua circulação muito limitada - só é permitido sair da zona de residência para trabalhar, ir à escola e ao médico, por questões judiciais ou para cuidar de pessoas dependentes.

No Reino Unido, os bares e restaurantes encerram às 22.00, com os empregados obrigados a usar máscara. É recomendada a adoção do teletrabalho e está suspenso o regresso de público aos grandes eventos desportivos.

Portugal optou por medidas semelhantes, embora mais suaves do que nestes países europeus, com a declaração do estado de contingência, Quem prossegue uma estratégia única é a Suécia, que vai manter a regra de no máximo 50 pessoas em reuniões em público, mas já anunciou que irá introduzir exceções à regra para restaurantes e eventos com lugares sentados.

"O limite de 50 participantes permanece como regra geral, mas haverá exceções", disse o ministro do Interior, Mikael Damberg.

A exceção para restaurantes será implementada em 8 de outubro. O governo disse que admite permitir que até 500 pessoas assistam a eventos como jogos de futebol, espetáculos e apresentações de teatro, onde os espectadores podem estar sentados com pelo menos um metro de distância. Damberg disse que isso pode acontecer a partir de 15 de outubro, mas a decisão ainda não foi formalmente tomada.

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