Reino Unido revê cooperação com Oxfam após escândalo de prostituição
O Governo britânico anunciou hoje que está a reavaliar a sua cooperação com a organização humanitária Oxfam, após notícias segundo as quais responsáveis usaram dinheiro da ONG para pagar prostitutas no Haiti, depois do sismo de 2010.
A Oxfam é uma confederação de instituições humanitárias cuja sede se situa em Oxford, no Reino Unido.
Segundo o diário britânico The Times, funcionários da ONG contrataram prostitutas em 2011, no Haiti, durante uma missão realizada após o sismo que destruiu o país em 2010 e fez quase 300.000 mortos.
O Departamento do Desenvolvimento Internacional (DIFD) britânico declarou que os dirigentes da Oxfam "demonstraram falta de discernimento" na forma como investigaram o caso, bem como na comunicação sobre o assunto com o Governo e com a comissão britânica que lida com as organizações humanitárias.
"A forma como estes abusos chocantes de pessoas vulneráveis foram tratados levanta sérias questões às quais a Oxfam tem de responder", declarou uma porta-voz do DFID.
"O secretariado do Desenvolvimento Internacional está a reavaliar o nosso trabalho atual com a Oxfam e quer uma reunião com a sua equipa diretiva assim que possível", indicou a porta-voz.
Grupos de trabalhadoras do sexo participaram em orgias em casas e hotéis pagos pela ONG, segundo uma fonte que diz ter visto um vídeo de uma dessas noites, em que as raparigas envergavam 't-shirts' da Oxfam.
Por outro lado, o Times afirma que a Oxfam não avisou outras organizações humanitárias do comportamento dos seus funcionários envolvidos nessas atividades, o que fez com que eles conseguissem, a seguir, missões junto de pessoas fragilizadas noutras zonas de desastres naturais.
Foi o caso, segundo o Times, de Roland van Hauwermeiren, de 68 anos, obrigado a demitir-se do cargo de diretor da instituição no Haiti depois de admitir ter contratado prostitutas e que pôde tornar-se chefe de missão da organização não-governamental francesa Action Contre La Faim (Ação Contra a Fome) no Bangladesh, em 2014.
A ONG disse ao Times que tinha efetuado verificações antes de contratar o homem, mas que a Oxfam não a pôs a par dos factos.
"A Oxfam não nos comunicou qual alerta relativamente ao seu comportamento não-ético, aos motivos da sua demissão ou aos resultados do inquérito interno", declarou a ONG ao diário londrino.
"Ainda para mais, nós recebemos referências positivas da parte de antigos membros da equipa da Oxfam que tinham trabalhado com ele, entre os quais um responsável das relações humanas", acrescentou a instituição francesa.