Inglaterra mantém Portugal como "seguro". País de Gales e Escócia não
O Reino Unido está dividido mas a Inglaterra vai manter Portugal na lista de países que integram o corredor aéreo o que significa que os viajantes que cheguem de Portugal não ficam obrigados a a uma quarentena de 14 dias. Contudo o governo britânico avisa que não hesitará em promover alterações caso a situação justifique. Nesta quinta-feira, o País de Gales divergiu e retirou Portugal da lista de países seguros, com exceção de Madeira e Açores. E a Escócia também colocou Portugal na "lista negra".
A decisão do governo britânico aplica-se apenas a Inglaterra, já que as restantes nações do Reino Unido têm autonomia sobre esta matéria, como demonstraram País de Gales e Escócia. A Irlanda do Norte também não anunciou qualquer alteração, mantendo-se alinhada com as orientações de Londres.
Em relação a Inglaterra, a garantia foi dada pelo ministro dos Transportes no Twitter, assumindo que não haverá, para já, alterações na lista de países.
"Continuamos a manter a lista de corredores de viagens sob revisão constante e não hesitaremos em remover países se necessário. Não há adições ou remoções hoje", lê-se no tweet do governante Grant Shapps.
O ministro alertou ainda os turistas de que "os países com quarentena de 14 dias podem mudar e mudam num prazo muito curto".
Havia receios que Portugal pudesse ser excluído da lista devido ao aumento do número de casos no país, que ainda hoje registou 418 infeções. Mas para já não há alteração.
De manhã, o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, tinha admitido a possibilidade de Portugal voltar a ser incluído na lista de países cujos passageiros são obrigados a cumprir quarentena ao chegar ao Reino Unido.
O País de Gales decidiu retirar Portugal da lista de países isentos de quarentena, mas mantém a Madeira e Açores, anunciou o ministério da Saúde do governo autónomo, que pela primeira vez aplicou regras diferentes do Governo britânico.
O ministro da Saúde galês, Vaughan Gething, disse ter considerado o relatório do Centro de Biossegurança Comum sobre os países que representam um risco para a saúde pública devido à pandemia covid-19.
"Decidi retirar Portugal continental (os Açores e a Madeira permanecerão isentos), Gibraltar, Polinésia Francesa e as ilhas gregas de Mykonos, Zakynthos, Lesvos, Paros e Antiparos e Creta da lista de países e territórios isentos", acrescentou.
As medidas entram em vigor às 04:00 de sexta-feira, 04 de setembro.
"Esta medida está a ser tomada devido ao grande número de casos de coronavírus importados para o País de Gales de turistas que regressam das ilhas gregas, em particular. Na última semana, foram confirmados mais de 20 casos em passageiros de um voo de Zante para Cardiff", justificou.
A Escócia passou a exigir quarentena às pessoas que chegam da Grécia a partir de hoje, mas esta é a primeira vez que o governo de Gales adota restrições diferentes das de Inglaterra, determinadas pelo governo britânico.
Ao fim do dia, a Escócia confirmou que iria colocar Portugal na "lista negra". O Governo escocês anunciou esta noite que quem chegar de Portugal vai ter de ficar em isolamento durante duas semanas a partir das 04:00 de sábado.
"Os dados desta semana mostram um aumento nos testes positivos e casos por 100.000 habitantes em Portugal", justificou o ministro da Justiça escocês, Humza Yousaf.
Para o Algarve, a decisão do Reino Unido é uma boa notícia, já que a região recebe muitos turistas originários do Reino Unido tal como acontece com a Madeira.
A imprensa britânica começou a especular esta semana sobre a possibilidade de Portugal e Grécia serem excluídos da lista dos países com "corredores de viagem" que estão isentos de quarentena na chegada ao Reino Unido.
A própria ministra da Saúde, Marta Temido, reconheceu na quarta-feira que os casos de covid-19 estão a aumentar em Portugal e que existe um maior risco de transmissão da doença.
"Os números da nossa situação epidémica estão a subir. Estão a subir desde há uma semana e situam-se agora em cerca de 340 novos casos diários. Esta é uma realidade", afirmou na conferência de imprensa de atualização da situação da pandemia de covid-19 em Portugal.
Portugal só foi incluído na lista dos países com "corredores de viagem" com o Reino Unido há duas semanas, a 20 de agosto, apesar da pressão do governo português e do setor do turismo sobre as autoridades britânicas.
Na altura, o ministro dos Transportes, Grant Shapps, avisou que "as coisas podem mudar rapidamente" e que as pessoas deveriam viajar apenas se estiverem dispostas a cumprir quarentena de 14 dias, se necessário", falando por experiência própria, pois teve de ficar em isolamento ao voltar de férias em Espanha.
A decisão de adicionar ou remover um país é feita após uma análise do Centro de Biossegurança Comum, que usa como indicador principal o nível de 20 casos por 100 mil habitantes em sete dias, mas que também tem em consideração outros fatores, como prevalência, nível, taxa de mudança de casos positivos confirmados.
Inicialmente feita de três em três semanas, a reavaliação das medidas é agora feita semanalmente.
A lista de "corredores de viagem" tem atualmente menos de 70 países e territórios, tendo sido excluídos desde julho Suíça, República Checa e Jamaica, Croácia, Áustria e a ilha de Trinidade e Tobago, França, Países Baixos, Mónaco, Malta, as ilhas Turcas e Caicos e Aruba, Bélgica, Andorra, Bahamas, Espanha e Luxemburgo.
Entretanto, a Escócia passou a exigir quarentena às pessoas que chegam da Grécia a partir de hoje na sequência de um aumento dos casos de contágio naquele país, incluindo de vários britânicos que entretanto voltaram de férias.
Cuba, Estónia, Letónia, Eslováquia, Eslovénia, o arquipélago de São Vicente e Grenadinas, Brunei e Malásia foram adicionados à lista de países seguros.