Reino Unido emite mandado de detenção contra corretora de arte Angela Gulbenkian
Um tribunal britânico emitiu um mandado de detenção contra a corretora e colecionadora de arte Angela Gulbenkian, acusada de furto e de usar indevidamente o nome da Fundação Calouste Gulbenkian, disse esta terça-feira à Lusa fonte policial.
A mesma fonte explicou que o mandado de detenção foi emitido pelo Tribunal da Coroa de Southwark para Angela Gulbenkian na sexta-feira, por não ter comparecido a uma audiência.
"Um mandado de detenção europeu será submetido em devido tempo", acrescentou.
A 26 de junho já tinha sido emitido pelo Tribunal de Magistrados de Westminster um mandado de detenção europeu contra a alemã, casada com um sobrinho-bisneto do empresário arménio Calouste Gulbenkian, que está a responder na Justiça por alegadamente ter desviado 1,2 milhões que se destinavam a comprar uma escultura da autoria do artista japonês Yayoi Kusama.
Contudo, o advogado Christopher Marinello, que representa o francês Mathieu Ticolat - que pagou a escultura, mas terá ficado sem o dinheiro e sem a obra de arte -, sublinhou que a alemã conseguiu 'fintar' o mandado inicial ao convencer o tribunal de que estava a ser alvo de uma cirurgia na Alemanha.
"O tribunal foi indulgente com ela naquele momento, mas provavelmente não o será desta vez. Ainda que tenha ido ao médico, foi vista em feiras de arte e em destinos de férias em todo o mundo", afirmou Marinello.
Na origem das duas acusações de crime de furto está a venda de uma escultura de Yayoi Kusama por 1,2 milhões de euros que nunca foi entregue ao comprador, um conselheiro de arte radicado em Hong Kong, Mathieu Ticolat, que processou Angela Gulbenkian civil e criminalmente.
Em maio de 2019, o advogado de Ticolat garantiu à Lusa que Angela Gulbenkian sempre utilizou o nome da Fundação Calouste Gulbenkian para se credibilizar durante o processo negocial para venda da escultura.
"Angela [Gulbenkian] criou um endereço de e-mail (gulbenkian.foundation) para parecer estar associada com a instituição Gulbenkian. Ela apresentou-se a diversos clientes como estando associada à fundação e publicou também essas falsas ligações nas suas páginas das redes sociais", sublinhou então Marinello.
Em agosto de 2018, questionada também pela Lusa, a negociadora de arte negou a acusação: "Sou casada com um Gulbenkian. Nunca disse que fazia parte da Fundação. Nunca disse que queria pertencer à Fundação. Nunca disse que queria ou ia fazer parte do Museu. Se alguma vez tivesse dito isso, por que é que não foram ao 'site' da Fundação verificar as equipas? Toda a gente sabe que não estou lá. É do conhecimento geral que não faço parte da Fundação ou do Museu".
Duarte Gulbenkian, o seu marido, é neto de Roberto Gulbenkian, que trabalhou com a Fundação desde 1956, tendo sido responsável pelo Departamento das Comunidades Arménias.
Angela Gulbenkian viu mesmo uma das suas contas congeladas por decisão de um tribunal no Reino Unido e, depois de um encontro inicial no qual assegurou estar inocente, deixou de responder às tentativas de contacto por parte da Lusa.