Refugiado sírio gay decapitado e mutilado em Istambul
O corpo de Muhammed Wisam Sankari, refugiado sírio homossexual desaparecido desde 23 de julho, foi encontrado a pouco mais de quilómetro e meio da sua residência no bairro de Aksaray, em Istambul, Turquia. Segundo disseram os seus colegas de casa à revista KaosGL, o jovem terá sido decapitado e esfaqueado.
"Decapitaram-no. O tronco estava irreconhecível, os órgãos arrancados. Conseguimos identificar o nosso amigo pelas suas calças", conta o colega numa entrevista citada pelo The Telegraph. Até há momento, nenhum suspeito foi detido.
No início do ano, Sankari tinha sido raptado, agredido e violado. Nessa ocasião, o jovem, que se salvara ao saltar para a estrada, denunciou o crime, mas as autoridades não empreenderam qualquer investigação.
Embora Istambul se tenha tornado num porto seguro para refugiados pertencentes à comunidade LGBT, o sequestre e assassinato de Sankari não é um caso isolado de violência contra homossexuais em condições semelhantes. No último ano, reporta a BBC, registaram-se 5 assassinatos, 32 ataques e três suicídios considerados "crimes de ódio". A homossexualidade não é ilegal na Turquia (como acontece em muitos países do médio oriente), mas a homofobia mantém-se enraizada nesse país.
Suspeita-se que a maioria dos ataques contabilizados tenham sido da responsabilidade de muçulmanos ultraconservadores e do grupo ultranacionalista Alperen Hearths.
A Agência da ONU para Refugiados considera os refugiados LGBT alvos particularmente vulneráveis e assume a sua transferência para outros países uma prioridade (embora o processo se mantenha tão lento que chegue a levar, em média, dois anos.)
Na Turquia, os refugiados sírios homossexuais tendem a sofrer ainda mais, já que o seu estatuto é precário: geralmente não têm a documentação em dia e raramente comunicam à polícia estes ataques. Sankari, por exemplo, estava a tentar sair do país, temendo que a sua vida estivesse sob ameaça.
De acordo com a KaosGL, o número de violações dos direitos humanos especificamente relacionadas com a orientação sexual das vítimas tem aumentado exponencialmente, nos últimos anos. Organizações como a Amnistia Internacional já criticaram a Turquia, país que acusam de não oferecer a proteção prevista na Convenção dos Refugiados das Nações Unidas.