Porto de Dover. Em mais de 2300 camionistas testados, três deram positivo
A Grã-Bretanha anunciou que apenas três dos 2.367 motoristas de pesados testados para a COVID-19 até ao início da tarde desta quinta-feira (24) estavam infetados, informa a agência Reuters.
Milhares de camionistas de toda a Europa estão retidos junto ao Porto de Dover, no Reino Unido, desde que a descoberta de uma variante mais contagiosa do coronvírus levou muitos países (entre eles a França) a vetarem a entrada a pessoas oriundas do Reino Unido. Na terça-feira, as autoridades francesas decidiram reabrir a fronteira desde que os viajantes tivessem provas de um teste negativo à covid-19.
Arrancou então na quarta-feira um regime de testes de emergência para permitir que os milhares de camionistas retidos retomem a viagem e voltem para casa. Até agora, apenas três casos positivos foram detetados, anunciou o Reino Unido.
O ministro dos Transportes britânico, Grant Shapps, revelou os primeiros resultados do esquema de testes e vincou também a sua indignação pelo facto de vários países membros da União Europeia terem ignoraddo o conselho da Comissão Europeia para serem reabertas as fronteiras com o Reino Unido.
"Como o Comissário de Transporte da UE tuitou, testar camionistas não é o mais recomendado", disse Shapps. "Passar dias isolado num camião coloca estes motoristas numa categoria de risco extremamente baixo".
As longas filas de camiões junto ao Porto de Dover devem levar dias para escoar, ameaçando interromper ainda mais o abastecimento dos supermercados no período pós-Natal.
As ligações ferroviárias e marítimas entre Reino Unido e França vão permanecer abertas no dia de Natal para eliminar o engarrafamento de milhares de camiões parados pelo encerramento das fronteiras, anunciou Londres.
Milhares de camionistas europeus dormiram pela quarta noite consecutiva nas cabines dos seus veículos, bloqueados perto de Dover, principal porto britânico no Canal da Mancha, enquanto aguardavam para fazer um teste de covid-19, cujo resultado negativo permitirá a entrada na França.
Quase 6.000 camiões aguardavam para atravessar a fronteira na quarta-feira à noite, segundo o ministério britânico dos Transportes, incluindo 3.750 veículos no antigo aeroporto de Manston, transformado em estacionamento e centro de testes de coronavírus.
"Enquanto os testes continuam, conversei com meu colega francês (Jean-Baptiste Djebbari) e concordámos que a fronteira franco-britânica no Eurotúnel, Dover e Calais permanecerá aberta durante o Natal para ajudar os transportadores e os cidadãos a voltar para casa o mais rápido possível", tuitou o ministro dos Transportes da Grã-Bretanha, Grant Shapps.
O transporte público é tradicionalmente interrompido no Reino Unido no dia de Natal e é retomado parcialmente no dia seguinte.
A grande operação, que tem o apoio do exército, começou na quarta-feira graças a um acordo entre Londres e Paris para a retomada do tráfego de pessoas e mercadorias.
"Continua um desastre. Os motoristas ainda continuam desesperados", resumiu uma porta-voz da Federação Nacional de Transportadores Rodoviários (FNTR) de França.
A França fechou a fronteira no domingo à noite, após a descoberta no Reino Unido de uma variante do coronavírus mais contagiosa que as anteriores. Dezenas de outros países fizeram o mesmo, mas apenas para as ligações aéreas.
O principal objetivo agora é restabelecer a rede de abastecimento do Reino Unido, que depende em grande medida dos camiões que se deslocam para e a partir do continente europeu, antes de uma falta de alimentos.
O Governo português tem uma equipa no terreno para acompanhar os cerca de 300 motoristas portugueses retidos no Reino Unido, alguns dos quais poderão não conseguir passar o Natal em Portugal, disse a secretária de Estado das Comunidades.
"Éprevisível que, apesar de tudo, algumas pessoas não consigam sair antes do Natal e nós estaremos no terreno durante este período todo para acompanharmos os nossos cidadãos", admitiu esta quinta-feira (24) a secretária de Estado Berta Nunes.
Calcula-se que cerca de 300 motoristas portugueses tenham ficado retidos na fronteira entre o Reino Unido e a França, entre os milhares de várias nacionalidades.