Período de incubação de novo coronavírus pode durar até 24 dias
O portal de notícias chinês Caixin divulgou as conclusões do último rascunho da investigação, que mostra que a febre - um dos primeiros sintomas - se manifestava em apenas 43,8% dos pacientes na sua primeira visita ao médico.
"A ausência de febre é mais frequente [entre os pacientes analisados] do que na Síndrome Respiratória Aguda e Grave (SARS ou pneumonia atípica) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), portanto a deteção dos casos não pode focar-se na medição da temperatura", lê-se no texto.
O mesmo sucede com a tomografia computadorizada, que deteta apenas sintomas de possível infeção em metade dos casos analisados, acrescentou.
A amostra incluiu 1.099 pacientes do novo coronavírus, diagnosticados até 29 de janeiro, em 552 hospitais, em 31 sítios diferentes da China, com uma idade média de 47 anos, e entre os quais 41,9% eram mulheres.
Entre os pacientes - 26% não estiveram recentemente em Wuhan, o epicentro da epidemia, ou tiveram contacto com pessoas de lá - o período médio de incubação do vírus foi de três dias, mas houve também casos com um período de 24 dias.
O estudo também revela que o coronavírus "tem uma taxa de mortalidade relativamente menor que a SARS e a MERS".
A epidemia provocada pelo coronavírus detetado em Wuhan causou já 1.018 mortos, dos quais 1.016 na China continental, onde se contabilizam mais de 42 mil infetados, segundo o balanço divulgado esta terça-feira.
Na segunda-feira, de acordo com os dados anunciados pela Comissão Nacional de Saúde da China, registaram-se no território continental chinês 108 mortes e foram detetados 2.478 novos casos de infeção, para um total de 42.638, em especial na província de Hubei (centro), onde perto de 60 milhões de pessoas permanecem em quarentena.
Cientistas, investigadores e peritos de saúde pública vão juntar-se a partir desta terça-feira em Genebra (Suíça) num fórum de dois dias para debater formas de controlar e lidar com o surto do novo coronavírus detetado na China.
A reunião, que junta investigadores, peritos e responsáveis de saúde, foi convocada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pretende coordenar os esforços para encontrar respostas para a nova epidemia. "Aproveitar o poder da ciência é fundamental para controlar este surto. Há respostas de que precisamos e ferramentas que temos de desenvolver o mais rapidamente possível. A OMS está a desempenhar um papel de coordenação, reunindo a comunidade científica para identificar prioridades de pesquisa e acelerar o progresso", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa declaração escrita.
Na reunião, que decorre entre esta terça e quarta-feira, os participantes vão discutir vários temas, como a identificação da fonte do vírus ou a partilha de amostras biológicas e sequências genéticas.
Segundo um comunicado da OMS, os especialistas vão basear-se na pesquisa do coronavírus da síndrome respiratória aguda (SARS) e no coronavírus do Médio Oriente para identificar lacunas e prioridades de investigação.
O objetivo é que haja coordenação na investigação para que se descubra a fonte exata do surto que começou na cidade chinesa de Wuhan, bem como acelerar o desenvolvimento de uma vacina e de medicamentos específicos.
A OMS espera que deste fórum resulta uma agenda global de investigação sobre o novo coronavírus, com prioridades e projetos definidos.
O líder OMS alertou esta terça-feira que o novo coronavírus é uma "ameaça muito séria" para o planeta ao organizar a primeira grande conferência sobre o combate à epidemia.
"Com 99 por cento dos casos na China, continua a ser uma emergência para esse país mas representa uma ameaça muito séria para o resto do mundo", disse o líder da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no arranque da conferência. "O que importa é travar o surto e salvar vidas. Com o vosso apoio, é isso que podemos fazer", acrescentou.
Não havendo ainda tratamento ou vacina específica contra o vírus, a OMS tem pedido repetidamente aos países para partilharem dados para aprofundar a investigação sobre a doença. "Isso é especialmente verdadeiro em relação à partilha de amostrar e sequências. Para derrotar este surto, precisamos de uma partilha aberta e equitativa, de acordo com os princípios de justiça e equidade", frisou Tedros.
As autoridades chinesas anunciaram esta terça-feira a demissão de dois altos quadros da Comissão de Saúde de Hubei, a província de onde surgiu o novo coronavírus que fez já mais de 1.000 mortos e quase 43.000 infetados.
A estação televisiva oficial CCTV informou sobre as demissões do diretor da Comissão, Liu Yingzi, e do secretário do Partido Comunista da China (PCC) naquele organismo, Zhang Jin.
Ambos os cargos serão assumidos pelo vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde, Wang Hesheng, que faz parte do grupo de trabalho formado pelo Governo central para lidar com o surto, e que foi também recentemente nomeado membro do mais alto órgão executivo de Hubei. Liu e Zhang são, até à data, os funcionários de mais alto escalão a serem afastados na sequência da crise de saúde pública.
Por enquanto, não há indicações de que qualquer membro do Governo central possa ser afastado, e os órgãos oficiais do regime têm dirigido as culpas para as autoridades de Hubei e, sobretudo, para a capital de província, Wuhan.
A má gestão e ocultação de informações cruciais aquando do surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou pneumonia atípica, entre 2002 e 2003, levou à queda do presidente da câmara de Pequim, Meng Xuenong - que foi substituído pelo atual vice-presidente da China, Wang Qishan - e do ministro da Saúde, Zhang Wenkang.
Na semana passada, a morte de Li Wenliang, o médico que inicialmente alertou a comunidade médica de Wuhan sobre o novo coronavírus, mas que foi obrigado pela polícia a assinar um documento no qual denunciava o aviso como um boato "infundado e ilegal", levou a reações imediatas nas redes sociais chinesas, com o hashtag #woyaoyanlunziyou (eu quero liberdade de expressão, em chinês) a tornar-se viral.
No entanto, a imprensa oficial culpou diretamente as autoridades locais pelo sucedido.
As autoridades tailandesas disseram esta terça-feira que não vão permitir o desembarque de um navio de cruzeiro com cerca de 2.000 pessoas a bordo devido ao risco de que qualquer viajante seja portador do novo coronavírus. "Eu já ordenei que o desembarque não fosse permitido", afirmou o ministro da Saúde da Tailândia, Anutin Charnvirakul.
Japão, Taiwan, Filipinas e Guam já tinham negado o navio de cruzeiro Westerdam, da companhia de navegação Holland America Line, de atracar nos seus territórios.
Cerca de 1.450 passageiros e 802 membros da tripulação partiram no dia 01 de fevereiro de Hong Kong e planeavam chegar no sábado à cidade japonesa de Yokohama, mas as autoridades nipónicas negaram a entrada, depois de uma pessoa a bordo ter apresentado sinais de estar infetada pelo novo coronavírus da China.
As autoridades de saúde tailandesas confirmaram até o momento 32 pessoas infetadas com o novo coronavírus no país, das quais pelo menos dez pacientes já receberam alta.
Na segunda-feira, de acordo com os dados anunciados pela Comissão Nacional de Saúde da China, registaram-se no território continental chinês 108 mortes e foram detetados 2.478 novos casos de infeção, para um total de 42.638, em especial na província de Hubei (centro), onde perto de 60 milhões de pessoas permanecem em quarentena.
O balanço é superior ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.
O novo vírus, que provocou um morto em Hong Kong e outro nas Filipinas, atinge também Macau e mais de duas dezenas de países, onde os casos de contágio superam os 350.
Na Europa, contam-se desde segunda-feira 43 infetados, com quatro novos casos detetados no Reino Unido, onde a propagação do vírus foi declarada uma "ameaça séria e iminente para a saúde pública".
A situação motivou a marcação de uma reunião de urgência de ministros da Saúde dos países da União Europeia para quinta-feira, em Bruxelas, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) enviou uma equipa de especialistas para a China para acompanhar a evolução.
O Governo do Japão vai permitir que passageiros mais velhos e pessoas que sofrem de doenças crónicas deixem o cruzeiro em quarentena no porto de Yokohoma, Japão, no qual pelo menos 135 pessoas estão infetadas com novo coronavírus.
De acordo com a agência japonesa Kyodo, essas pessoas podem desembarcar ainda esta terça-feira.
Durante mais de uma semana, o Governo japonês mantém 3.600 pessoas a bordo do navio Diamond Princess em quarentena (que deve durar até 19 de fevereiro), a fim de evitar novas infeções no país.
Cerca de 80% dos 2.666 passageiros têm mais de 60 anos de idade, e mais de 200 passageiros têm 80 anos ou mais.
As pessoas infetadas já foram levadas para centros médicos de Tóquio e de outras localidades próximas, onde estão a receber tratamento.
As autoridades sanitárias continuam a realizar exames médicos aos passageiros e tripulantes do Diamond Princess.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu na sexta-feira ao Japão que tomasse todas as medidas necessárias para acompanhar os passageiros da Diamond Princess confinados a bordo, incluindo medidas de apoio psicológico.