Período de incubação de novo coronavírus pode durar até 24 dias

O período de incubação do novo coronavírus pode prolongar-se até 24 dias, e não 14 como se apurou anteriormente, segundo um estudo publicado esta terça-feira e realizado por 37 pesquisadores, incluindo o proeminente epidemiologista chinês Zhong Nanshan.
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O portal de notícias chinês Caixin divulgou as conclusões do último rascunho da investigação, que mostra que a febre - um dos primeiros sintomas - se manifestava em apenas 43,8% dos pacientes na sua primeira visita ao médico.

"A ausência de febre é mais frequente [entre os pacientes analisados] do que na Síndrome Respiratória Aguda e Grave (SARS ou pneumonia atípica) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), portanto a deteção dos casos não pode focar-se na medição da temperatura", lê-se no texto.

O mesmo sucede com a tomografia computadorizada, que deteta apenas sintomas de possível infeção em metade dos casos analisados, acrescentou.

A amostra incluiu 1.099 pacientes do novo coronavírus, diagnosticados até 29 de janeiro, em 552 hospitais, em 31 sítios diferentes da China, com uma idade média de 47 anos, e entre os quais 41,9% eram mulheres.

Entre os pacientes - 26% não estiveram recentemente em Wuhan, o epicentro da epidemia, ou tiveram contacto com pessoas de lá - o período médio de incubação do vírus foi de três dias, mas houve também casos com um período de 24 dias.

O estudo também revela que o coronavírus "tem uma taxa de mortalidade relativamente menor que a SARS e a MERS".

A epidemia provocada pelo coronavírus detetado em Wuhan causou já 1.018 mortos, dos quais 1.016 na China continental, onde se contabilizam mais de 42 mil infetados, segundo o balanço divulgado esta terça-feira.

Na segunda-feira, de acordo com os dados anunciados pela Comissão Nacional de Saúde da China, registaram-se no território continental chinês 108 mortes e foram detetados 2.478 novos casos de infeção, para um total de 42.638, em especial na província de Hubei (centro), onde perto de 60 milhões de pessoas permanecem em quarentena.

Cientistas e investigadores juntam-se em Genebra para travar epidemia

Cientistas, investigadores e peritos de saúde pública vão juntar-se a partir desta terça-feira em Genebra (Suíça) num fórum de dois dias para debater formas de controlar e lidar com o surto do novo coronavírus detetado na China.

A reunião, que junta investigadores, peritos e responsáveis de saúde, foi convocada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pretende coordenar os esforços para encontrar respostas para a nova epidemia. "Aproveitar o poder da ciência é fundamental para controlar este surto. Há respostas de que precisamos e ferramentas que temos de desenvolver o mais rapidamente possível. A OMS está a desempenhar um papel de coordenação, reunindo a comunidade científica para identificar prioridades de pesquisa e acelerar o progresso", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa declaração escrita.

Na reunião, que decorre entre esta terça e quarta-feira, os participantes vão discutir vários temas, como a identificação da fonte do vírus ou a partilha de amostras biológicas e sequências genéticas.

Segundo um comunicado da OMS, os especialistas vão basear-se na pesquisa do coronavírus da síndrome respiratória aguda (SARS) e no coronavírus do Médio Oriente para identificar lacunas e prioridades de investigação.

O objetivo é que haja coordenação na investigação para que se descubra a fonte exata do surto que começou na cidade chinesa de Wuhan, bem como acelerar o desenvolvimento de uma vacina e de medicamentos específicos.

A OMS espera que deste fórum resulta uma agenda global de investigação sobre o novo coronavírus, com prioridades e projetos definidos.

OMS alerta para "ameaça muito séria"

O líder OMS alertou esta terça-feira que o novo coronavírus é uma "ameaça muito séria" para o planeta ao organizar a primeira grande conferência sobre o combate à epidemia.

"Com 99 por cento dos casos na China, continua a ser uma emergência para esse país mas representa uma ameaça muito séria para o resto do mundo", disse o líder da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no arranque da conferência. "O que importa é travar o surto e salvar vidas. Com o vosso apoio, é isso que podemos fazer", acrescentou.

Não havendo ainda tratamento ou vacina específica contra o vírus, a OMS tem pedido repetidamente aos países para partilharem dados para aprofundar a investigação sobre a doença. "Isso é especialmente verdadeiro em relação à partilha de amostrar e sequências. Para derrotar este surto, precisamos de uma partilha aberta e equitativa, de acordo com os princípios de justiça e equidade", frisou Tedros.

Líderes da Comissão de Saúde de Hubei afastados

As autoridades chinesas anunciaram esta terça-feira a demissão de dois altos quadros da Comissão de Saúde de Hubei, a província de onde surgiu o novo coronavírus que fez já mais de 1.000 mortos e quase 43.000 infetados.

A ​​​​​​​estação televisiva oficial CCTV informou sobre as demissões do diretor da Comissão, Liu Yingzi, e do secretário do Partido Comunista da China (PCC) naquele organismo, Zhang Jin.

Ambos os cargos serão assumidos pelo vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde, Wang Hesheng, que faz parte do grupo de trabalho formado pelo Governo central para lidar com o surto, e que foi também recentemente nomeado membro do mais alto órgão executivo de Hubei. Liu e Zhang são, até à data, os funcionários de mais alto escalão a serem afastados na sequência da crise de saúde pública.

Por enquanto, não há indicações de que qualquer membro do Governo central possa ser afastado, e os órgãos oficiais do regime têm dirigido as culpas para as autoridades de Hubei e, sobretudo, para a capital de província, Wuhan.

A má gestão e ocultação de informações cruciais aquando do surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou pneumonia atípica, entre 2002 e 2003, levou à queda do presidente da câmara de Pequim, Meng Xuenong - que foi substituído pelo atual vice-presidente da China, Wang Qishan - e do ministro da Saúde, Zhang Wenkang.

Na semana passada, a morte de Li Wenliang, o médico que inicialmente alertou a comunidade médica de Wuhan sobre o novo coronavírus, mas que foi obrigado pela polícia a assinar um documento no qual denunciava o aviso como um boato "infundado e ilegal", levou a reações imediatas nas redes sociais chinesas, com o hashtag #woyaoyanlunziyou (eu quero liberdade de expressão, em chinês) a tornar-se viral.

No entanto, a imprensa oficial culpou diretamente as autoridades locais pelo sucedido.

Tailândia proíbe desembarque de cruzeiro com 2 mil pessoas a bordo

As autoridades tailandesas disseram esta terça-feira que não vão permitir o desembarque de um navio de cruzeiro com cerca de 2.000 pessoas a bordo devido ao risco de que qualquer viajante seja portador do novo coronavírus. "Eu já ordenei que o desembarque não fosse permitido", afirmou o ministro da Saúde da Tailândia, Anutin Charnvirakul.

Japão, Taiwan, Filipinas e Guam já tinham negado o navio de cruzeiro Westerdam, da companhia de navegação Holland America Line, de atracar nos seus territórios.

Cerca de 1.450 passageiros e 802 membros da tripulação partiram no dia 01 de fevereiro de Hong Kong e planeavam chegar no sábado à cidade japonesa de Yokohama, mas as autoridades nipónicas negaram a entrada, depois de uma pessoa a bordo ter apresentado sinais de estar infetada pelo novo coronavírus da China.

As autoridades de saúde tailandesas confirmaram até o momento 32 pessoas infetadas com o novo coronavírus no país, das quais pelo menos dez pacientes já receberam alta.

Na segunda-feira, de acordo com os dados anunciados pela Comissão Nacional de Saúde da China, registaram-se no território continental chinês 108 mortes e foram detetados 2.478 novos casos de infeção, para um total de 42.638, em especial na província de Hubei (centro), onde perto de 60 milhões de pessoas permanecem em quarentena.

O balanço é superior ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.

O novo vírus, que provocou um morto em Hong Kong e outro nas Filipinas, atinge também Macau e mais de duas dezenas de países, onde os casos de contágio superam os 350.

Na Europa, contam-se desde segunda-feira 43 infetados, com quatro novos casos detetados no Reino Unido, onde a propagação do vírus foi declarada uma "ameaça séria e iminente para a saúde pública".

A situação motivou a marcação de uma reunião de urgência de ministros da Saúde dos países da União Europeia para quinta-feira, em Bruxelas, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) enviou uma equipa de especialistas para a China para acompanhar a evolução.

Japão permite que passageiros mais velhos saiam de cruzeiro em quarentena

O Governo do Japão vai permitir que passageiros mais velhos e pessoas que sofrem de doenças crónicas deixem o cruzeiro em quarentena no porto de Yokohoma, Japão, no qual pelo menos 135 pessoas estão infetadas com novo coronavírus.

De acordo com a agência japonesa Kyodo, essas pessoas podem desembarcar ainda esta terça-feira.

Durante mais de uma semana, o Governo japonês mantém 3.600 pessoas a bordo do navio Diamond Princess em quarentena (que deve durar até 19 de fevereiro), a fim de evitar novas infeções no país.

Cerca de 80% dos 2.666 passageiros têm mais de 60 anos de idade, e mais de 200 passageiros têm 80 anos ou mais.

As pessoas infetadas já foram levadas para centros médicos de Tóquio e de outras localidades próximas, onde estão a receber tratamento.

As autoridades sanitárias continuam a realizar exames médicos aos passageiros e tripulantes do Diamond Princess.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu na sexta-feira ao Japão que tomasse todas as medidas necessárias para acompanhar os passageiros da Diamond Princess confinados a bordo, incluindo medidas de apoio psicológico.

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