OMS não descarta a transmissão pelo ar em espaços fechados, mas quer mais investigação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou esta quinta-feira uma nova orientação na qual não descarta a possibilidade de transmissão pelo ar do novo coronavírus em espaços fechados e pouco ventilados, mas recomenda mais investigação sobre esta forma de contágio.
Liderada por Tedros Adhanom Ghebreyesus, a OMS indica na nova orientação que pode haver transmissão pelo ar do vírus através de pequenas partículas em locais como ginásios e restaurantes. "A transmissão de aerossóis de curto alcance, particularmente em locais fechados específicos, como espaços cheios e mal ventilados por um período prolongado de tempo com pessoas infetadas, não pode ser descartada", lê-se na nova orientação.
No documento, a OMS refere, no entanto, que apesar de estudos indicarem a possibilidade de transmissão pelo ar neste tipo de ambientes, o contágio também pode ser explicado pelas gotículas e superfícies.
A OMS realça que é urgente haver mais investigação sobre a transmissão pelo ar de modo a avaliar a sua importância na propagação de covid-19.
Esta nova orientação surge na sequência de uma carta aberta de 239 cientistas de 32 países endereçada à OMS. Na missiva, é feito um apelo para que se altere as recomendações de proteção contra o covid-19, tendo em conta um conjunto de provas de que as pessoas podem ser infetadas através de pequenas gotículas suspensas no ar.
O coronavírus responsável pela covid-19 propaga-se pelo contacto de superfícies contaminadas e o contacto com pessoas infetadas, que transmitem o vírus através da saliva ou gotículas libertadas quando fala, tosse ou espirro, refere a OMS
Tendo em conta as novas evidências, nesta orientação é recomendado que as pessoas evitem aglomerados de pessoas e é aconselhado uma boa ventilação nos edifícios. A OMS já tinha recomendado medidas como evitar espaços fechados e o uso de máscara quando o distanciamento físico não é possível.
O epidemiologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infeciosas dos EUA, um dos elementos da task force da Casa Branca para o combate à pandemia afirmo, esta quinta-feira, que não há muitas evidências sólidas sobre a transmissão aérea do SARS-CoV-2, mas não descarta a possibilidade. "Penso que é uma suposição razoável de que isso possa ocorrer", disse o especialista norte-americano citado pela Reuters.
Fauci referiu que, apesar se ainda serem incompletas, as evidências científicas são "a base fundamental" pelo qual estão "empenhados em levar as pessoas - principalmente os que não têm sintomas - a usar máscaras", de modo a mitigar o contágio.
Na orientação, a OMS refere que a transmissão pelo ar é a propagação de "um agente infeccioso causado pela disseminação de núcleos de gotículas (aerossóis)", que permanecem suspensos no ar por longas distâncias e por um determinado período de tempo. Em teoria, diz a OMS, alguém que inalasse estes aerossóis poderia ficar infetados, mas ainda não se sabe se estas partículas transportam vírus viáveis em quatidade sificiente para provocar uma infeção.
"Até ao momento, a transmissão do SARS-CoV-2 por este tipo de transmissão de aerossóis não foi demonstrada. São necessárias mais pesquisas, dadas as possíveis implicações dessa rota de transmissão", diz a OMS..
Se a transmissão aérea for considera um fator significativo na pandemia em locais com pouca ventilação, as máscaras podem ganhar uma importância adicionar e serem necessárias em ambientes fechados, mesmo onde haja uma grande distância social. Por outro lado, os profissionais de saúde que cuidam de doentes de covid-19 podem precisar de máscaras N95, capazes de filtrar as menores gotículas respiratórias.
Já os sistemas de ventilação nas escolas, lares de idosos, residências e empresas terão de minimizar a circulação do ar e adicionar novos e mais poderosos filtros.