Obama expulsa diplomatas em resposta a assédio russo

Mais de 30 funcionários diplomáticos e suas famílias têm 72 horas para abandonar o país. Resposta à interferência informática nas presidenciais passa por sanções aos serviços secretos

"Estas ações seguem-se a repetidos avisos privados e públicos que fizemos ao governo russo e são uma necessária e apropriada resposta aos esforços para prejudicar os interesses dos Estados Unidos em violação das normas internacionais de comportamento estabelecidas", afirmou ontem Barack Obama em comunicado, depois de serem conhecidas as sanções, impostas através de uma ordem executiva, que os Estados Unidos vão aplicar à Rússia.

Assim, os Estados Unidos resolveram aplicar sanções a "nove entidades e indivíduos: dois serviços russos de informações (a GRU e a FSB), quatro oficiais da GRU e três empresas que fornecem material de apoio às operações informáticas da GRU" por causa das operações informáticas que interferiram nas presidenciais norte-americanas de 8 de novembro, refere um comunicado da Casa Branca

"Estas ações não são a totalidade da nossa resposta às atividades agressivas da Rússia. Vamos continuar a tomar variadas ações num tempo e local da nossa escolha, algumas das quais não serão tornadas públicas", adiantou Barack Obama, que deixou ainda um aviso: "Todos os americanos devem estar alarmados pelas ações da Rússia."

A lista de sanções ontem anunciadas estendem-se também ao assédio a pessoal diplomático norte-americano na Rússia, com o objetivo de interferir nas presidenciais de 8 de novembro de 2016, levado a cabo por forças de segurança, que "tem aumentado significativamente e ido além das normas diplomáticas internacionais de comportamento", adianta a Casa Branca.

Referente a este assédio, foram declaradas personae non gratae "35 oficiais do governo russo da embaixada russa em Washington e do consulado russo em São Francisco" por "atuarem de maneira inconsistente com o seu estatuto diplomático". Estes diplomatas e as suas famílias têm "72 horas para deixar os Estados Unidos". A partir de hoje, será ainda vedado o acesso russo a dois complexos do governo russo, um no Maryland e outro em Nova Iorque.

Em resposta a estas sanções, o porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin, disse ontem que estas irão prejudicar as relações entre Moscovo e Washington. E que Vladimir Putin irá ordenar uma retaliação "apropriada" a estas sanções, apesar de duvidar da efetividade das medidas, pois a administração de Obama deixa funções dentro de três semanas.

Horas antes, a RIA Novosti citava o enviado especial do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Andrey Krutskikh, que dizia que Moscovo esperava que as sanções sejam levantadas por Donald Trump. Tendo em conta que o presidente eleito prometeu reverter 70% das ordens executivas de Obama, "as últimas restrições que impedem a nossa cooperação provavelmente farão parte desses 70%", disse este responsável.

Na quarta-feira, o presidente eleito deu a entender que os EUA não deveriam avançar com sanções contra Moscovo. "Penso que deveríamos seguir em frente com as nossas vidas. Penso que os computadores complicaram muito as nossas vidas. Toda a era dos computadores fez que ninguém saiba o que está realmente a acontecer", declarou Trump, quando questionado sobre se os Estados Unidos deveriam impor sanções à Rússia.

Donald Trump tem levantado dúvidas sobre as provas das agências de segurança norte-americanas de que piratas informáticos russos acederam a informação dos computadores do Partido Democrata e de várias pessoas e colocaram-na online para ajudar a eleição do candidato presidencial republicano.

Quatro senadores pediram, há cerca de duas semanas, a criação de um painel bipartidário para investigar os ataques informáticos contra os Estados Unidos por países estrangeiros, em especial dos alegados esforços da Rússia para influenciar as eleições presidenciais norte-americanas. Este pedido foi assinado por John McCain e Lindsey Graham (republicanos), bem como por Charles Schumer e Jack Reed (democratas).

"Haverá sanções bipartidárias que irão atingir duramente a Rússia, particularmente Putin individualmente", declarou Lindsey Graham. "Vladimir Putin é um rufia, um fanfarrão e um assassino. Ele percebe força, e é só isso que ele percebe", reforçou McCain, referindo-se à necessidade de impor mais sanções .

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