O objetivo era mostrar que a viagem era segura. "Não funcionou"
A 7 de novembro, o SeaDream 1 partia de Barbados e tornava-se no primeiro navio de cruzeiro a retomar a navegação nas Caraíbas, depois das viagens terem sido suspensas em março devido à pandemia de covid-19. O objetivo era demonstrar que a viagem de cruzeiro podia ser segura, mas apesar de realizarem testes regulares e de outras medidas preventivas, verificou-se um surto no navio da empresa SeaDream Yacht Club.
Nove pessoas foram infetadas e os planos da viagem tiveram de ser alterados. "Fizeram tudo o que podiam, mas não funcionou", declararam dois youtubers britânicos que seguiam a bordo do navio e que deram o seu testemunho sobre a viagem que prometia ser de sonho, mas que terminou mais cedo do que estava previsto. O surto de covid-19 levou mesmo a empresa SeaDream Yacht Club a anunciar esta terça-feira, em comunicado, o cancelamento das restantes viagens programadas para este ano.
"Vários testes PCR negativos foram necessários antes de os convidados embarcarem, mas isso não foi suficiente para impedir a covid-19 a bordo", refere a empresa na nota que divulgou.
Os youtubers britânicos Ben Hewitt e David McDonald testemunham isso mesmo. Foram convidados a participar nesta viagem do SeaDream1, juntamente com um grupo de jornalistas, para dar a conhecer o novo protocolo de segurança dos navios de cruzeiro da empresa.
Tudo corria bem, os Youtubers estavam a viver dias fantásticos a bordo do navio, mas cinco dias após o início do cruzeiro pelas Caraíbas, na passada quarta-feira, e a três dias do fim da viagem, registou-se o primeiro caso positivo de covid-19. Os passageiros ficaram confinados às suas cabines, como relatam Ben e David no seu canal de YouTube, com mais de 78 mil subscritores.
Os dois britânicos elogiam a tripulação do cruzeiro, mas criticam a viagem súbita que tiveram de fazer de regresso ao Reino Unido, no passado fim de semana, por indicação das autoridades de Barbados. Tal como fizeram os restantes 46 passageiros que não estavam infetados que viram-se obrigados a regressar aos seus países de origem.
Mas contando a história desde o início, aos passageiros foi-lhes exigido um teste de PCR (cuja amostra é recolhida através de zaragatoa) negativo, efetuado 72 horas antes da viagem. Depois tinham de realizar mais um teste, mas este rápido, quando chegassem ao navio.
Apesar deste protocolo, o certo é que os casos positivos começaram a surgir. "Deram primeiro positivo cinco elementos de uma famíllia norte-americana, que, como os restantes passageiros, testaram negativo nos dois testes realizados antes de partir", contam os britânicos. "O mais provável é que tenham ficado infetados entre o primeiro e o segundo teste".
A dupla de youtubers conta que no início da viagem o uso de máscara de proteção não era obrigatório nem para passageiros nem para tripulantes, mas dias depois já o era, o que lamentam. Deviam ter sido obrigados a usar a máscara desde o início, defendem agora os youtubers, que cumpriram isolamento.
"Este não era um navio de cruzeiro normal, na verdade está legalmente registado como um iate por causa do tamanho. O iate tinha menos da metade da capacidade da tripulação e dos passageiros. Não justifica o não uso da máscara, mas este não era um navio de 5000 pessoas", esclarecem numa publicação no Twitter, onde referem que havia muito espaço ao ar livre.
Ben e David criticam, no entanto, a forma como se procedeu o regresso aos países de origem dos passageiros. Um avião lotado, sem que existisse uma distância física de segurança, explicaram.
Depois dos casos confirmados, o navio atracou em Barbados, onde as autoridades isolaram os infetados - sete passageiros e dois tripulantes. Os restantes regressaram aos países de origem, depois de teste negativo à covid-19, mas sem que ficassem em quarentena, criticou a dupla, que depois publicou nas redes sociais imagens de um avião cheio de passageiros.
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Um desfecho de uma viagem que se queria de sonho, mas que serviu para mostrar as dificuldades no combate à pandemia
"É hora de deixar o SeaDream I após 26 noites a bordo. É um momento agridoce após uma viagem tão fantástica num navio maravilhoso até à chegada da covid. Agradecemos muito à equipa por tentar manter-nos seguros", afirmaram os youtubers.
Ben e David esperam que haja uma vacina contra a covid-19, caso contrário, dizem, "temos de aceitar vão existir contágios a bordo e prepararmo-nos". Afirmam que não é o fim das viagens de cruzeiro. "O que não sabemos é como vão ser no futuro".
Certo, certo é que a empresa já não vai realizar mais viagens de cruzeiro depois desta experiência mal sucedida. Resta saber como vai ser 2021.
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