Nome de Isabel dos Santos riscado do Fórum Económico Mundial em Davos

Investigação que deu origem ao Luanda Leaks começa a ter consequências a nível mundial. Nome de Isabel dos Santos era um dos anunciados na conferência que começa terça-feira em Davos e empresa detida pela empresária angolana ia ser uma das patrocinadoras
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O nome de Isabel dos Santos foi riscado da lista de intervenientes do Fórum Económico Mundial, que se realiza esta terça e quarta-feiras em Davos, na Suíça, e que vai contar com a presença de 50 chefes de Estado e cerca de 2.800 participantes.

A Unitel, empresa detida pela angolana, tinha pagado para ser uma das patrocinadores da conferência, mas a organização está a reavaliar esse papel, avança o The Guardian, num extenso artigo sobre a revelação da origem da fortuna de Isabel dos Santos por parte do Luanda Leaks.

Já esta terça-feira a consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) confirmou ter cessado os contratos de serviços a empresas controladas por Isabel dos Santos, na sequência da publicação de notícias que revelam transações suspeitas e esquemas alegadamente fraudulentos. "Nós esforçamo-nos para manter os mais altos padrões profissionais na PwC e estabelecemos expetativas de comportamento ético consistente por todas as empresas da PwC na nossa rede global. Em resposta às alegações muito sérias e preocupantes levantadas, iniciámos imediatamente uma investigação e estamos a trabalhar para avaliar minuciosamente os factos e concluir a nossa investigação", comentou, num comunicado enviado à agência Lusa.

A mesma nota acrescenta que tomou "medidas para encerrar qualquer trabalho em curso para entidades controladas por membros da família dos Santos".

Um consórcio de jornalismo de investigação revelou no domingo mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de Luanda Leaks, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que estarão na origem da fortuna da família.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), que integra vários órgãos de comunicação social, entre os quais o Expresso e a SIC, analisou, ao longo de vários meses, 356 gigabytes de dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018, que ajudam a reconstruir o caminho que levou a filha do ex-presidente angolano a tornar-se a mulher mais rica de África.

Durante a investigação foram identificadas mais de 400 empresas (e respetivas subsidiárias) a que Isabel dos Santos esteve ligada nas últimas três décadas, incluindo 155 sociedades portuguesas e 99 angolanas.

As informações recolhidas detalham, por exemplo, um esquema de ocultação montado por Isabel dos Santos na petrolífera estatal angolana Sonangol, que lhe terá permitido desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para o Dubai.

Revelam ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária.

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