No avião que caiu na Etiópia morreu uma parte da humanidade
As Nações Unidas já pediram às suas delegações no mundo inteiro que deixem as suas bandeiras a meia haste. A organização está de luto pela morte de 19 funcionários na queda do avião da Ethiopian Airlines na manhã de domingo, a 60 quilómetros de capital Adis Abeba. O voo levantara há seis minutos da capital etíope a caminho de Nairobi quando se despenhou, matando todas as 157 pessoas que viajavam a bordo.
Na maioria dos casos, eram trabalhadores humanitários que trabalhavam para agências da ONU como o Alto Comissariado para os Refugiados (ACNUR), a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) ou o Programa Alimentar Mundial (WFP). A agência de notícias AP diz que há vários médicos neste grupo, que trabalhavam em campanhas de apoio às populações africanas mais necessitadas.
Aos poucos, começam a ser divulgadas as identidades de alguns passageiros. O jornal italiano La Reppublica identificou os oito italianos que morreram, entre os quais o diretor de logística da delegação regional do WFP, Djordje Vdovic, de origem sérvia. O Irish Times confirmou a morte de Michael Ryan, engenheiro irlandês que trabalhava para a FAO, desenvolvendo projetos de captação de água para populações africanas assoladas pela seca. Também o pai da inglesa Joanna Toole, que trabalhava igualmente para a FAO, confirmou o desaparecimento da filha.
Além dos funcionários da ONU, há uma série de trabalhadores humanitários de várias ONGs que atuavam na África Oriental que morreram na manhã de domingo. O etíope Tamirat Mulu Demessie, que trabalhava para a Save The Children, é um dos nomes confirmados. O seu trabalho era resgatar crianças das situações de conflito e ajudá-las a reencontrar as famílias.
Carlo Spino, a sua mulher Gabriella Vigiani e um amigo de ambos, Matteo Ravasio, eram médicos italianos e dirigiam a organização Africa Tremila. Construíam hospitais no Sudão do Sul, considerado pelo FMI o país mais pobre do mundo. Paolo Dieci, da mesma nacionalidade, era diretor do Comité Internacional para o Desenvolvimento dos Povos, que organizava programas de desenvolvimento sustentável em comunidades vulneráveis.
A concentração de cooperantes a tomar o voo da Ethiopian Airlines pode ter uma explicação: é que na terça feira, 12 de março, arrancavam no Quénia duas importantes conferências sob o auspício das Nações Unidas: a Assembleia da ONU para o Meio Ambiente e uma conferência de arqueologia da UNESCO.
Entre estes estão seguramente Sebastiano Tusa, arqueólogo marinho italiano, e Abiodun Oluremi Bashua, antigo embaixador da Nigéria no Irão, Áustria e Costa do Marfim e era agora interlocutor do país para as missões de paz da ONU em África. Pius Adesanmi, um professor universitário canadiano de origem nigeriana, também perdeu a vida neste voo. Era escritor e ativista pela democracia em África. O Canadá é o segundo país com mais vítimas (18), atrás do Quénia (32).
Os jornais chineses lamentaram a morte de oito cidadãos do país, incluindo um funcionário da Agência da ONU para o Ambiente, um empregado da Corporação da Indústria Aeronáutica da China e outro da Corporação da Indústria Eletrónica e Tecnológica. A Suécia chora por Jonathan Seex, dono de várias cadeias de hotéis em África.
Na Eslováquia, a tragédia bateu diretamente à porta do deputado Anton Hrnko. Horas depois da notícia do acidente, o vice-presidente da bancada parlamentar do Partido Nacionalista Eslovaco escreveu um post no Facebook anunciando que a mulher Blanka, o filho Martin e a filha Michal tinham morrido no desastre.
As 157 pessoas que perderam a vida no voo da Ethiopian eram de 35 nacionalidades diferentes. Quénia com 32, Canadá com 18 e Etiópia com 9 são os países que perderam mais cidadãos. China, Itália e Estados Unidos perderam oito pessoas cada, o Reino e a França têm a assinalar sete mortos, seguindo-se Egito (6 pessoas), Alemanha (5), Índia e Eslováquia, cada uma com quatro. A lista segue com uma série de cidadãos de países, sobretudo africanos e europeus.