Na Noruega, as funerárias viram negócio descer e algumas até pediram apoio ao Estado
A notícia é do La Vanguardia e dá conta da crise que muitas funerárias norueguesas estão a atravessar no contexto da pandemia de covid-19, quando as suas congéneres europeias e do resto do mundo veem o negócio a crescer.
Algumas delas tiveram mesmo que recorrer às ajudas públicas para empresas afetadas pela pandemia, uma vez que enquanto em quase todo o mundo o novo coronavírus fez disparar a mortalidade, na Noruega fê-la descer. De acordo com os registos, durante o primeiro semestre de 2020, o número de mortos naquele país foi o mais baixo das últimas duas décadas.
A eficaz gestão da pandemia na Noruega terá contribuído não só para um baixo número de mortos por covid-19 (255 mortos, em 9028 infetados, num país que tem 5,4 milhões de habitantes) como para um controlo de outras doenças infeciosas.
"Parou tudo, incluindo os vírus", diz Erik Lande, da funerária Landes Begravelsesbyrå, uma das que recorreu ao pacote de ajudas públicas para compensar a quebra de faturação. "Pessoas que de forma natural teriam morrido de gripe não contraíram a doença. Tivemos uma diminuição de 45 por cento de mortes", diz o mesmo responsável, citado pelo La Vanguardia.
O fenómeno poderá explicar-se com a maior informação e cuidados da população no sentido de se protegerem da covid-19, por um lado, e com as medidas de contenção da pandemia, como o confinamento dos mais velhos e a adoção de regras de distanciamento social, que terão contribuído para que a mortalidade total do país tenha atingido mínimos históricos.
"Tivemos um bom janeiro, um relativamente bom fevereiro, mas em março, de repente, tudo parou", diz ao jornal espanhol Odd Øie, de uma funerária de Ålesund, cujas perdas ascenderam a 30 por cento em comparação com o primeiro semestre do ano anterior.
As medidas de distanciamento social, que ditaram a limitação das cerimónias fúnebres, também contribuíram para a descida da faturação, uma vez que representa uma diminuição de mais de 50 por cento no preço de um funeral.
A Noruega é dos países europeus que mais eficazmente respondeu à pandemia, com 47 mortos por milhão de habitantes de habitantes. Com 500 casos detetados e um morto, a 12 de março, iniciou medidas de contenção rigorosas, que incluíram confinamento, encerramento de escolas, estabelecimentos comerciais, cancelamento de atividades culturais e desportivas, limitação de entradas e saídas do país e testagem massiva, que levaram a um controlo rápido da pandemia, tendo neste momento 635 casos ativos e apenas um em estado grave, segundo os últimos dados do worldometers.