Morreram quatro bebés vítimas de bactéria assassina em hospital italiano
Uma bactéria conhecida como Citrobacter koseri foi responsável pela morte de quatro bebés num hospital de Verona, em Itália (dois em finais de 2018 e já dois neste ano). Esta bactéria, sabe-se agora através de um relatório, infetou um total de 96 crianças nos últimos dois anos. Além das duas mortes, nove bebés sofreram danos cerebrais causados pela infeção.
De acordo com o relatório, tratou-se de um caso de enorme negligência sanitária da parte do hospital. A bactéria assassina surgiu numa torneira de um frigorífico situado na ala da terapia intensiva e os bebés ingeriram leite materno misturado com água contaminada através do biberões. Mais grave, nos últimos dois anos o hospital nunca falou do caso às autoridades sanitárias e não respeitou nunca as condições de higiene para prevenir infeções.
Estas conclusões fazem parte de um relatório de 59 páginas de uma inspeção sanitária que investigou o caso e que foi agora tornado público. Um relatório de uma comissão regional composta por cinco médicos que é ao mesmo tempo uma acusação, na qual é dito que a bactéria se instalou na torneira por falta de condições de higiene do hospital. Usar água da torneira em vez de água tratada revelou-se fatal. Além disso, o relatório aponta ainda que no referido hospital havia falta de sabonete para as mãos, produtos de limpeza já fora da data de validade ou sem tampas, e que os profissionais não trocavam de luvas quando recebiam os pacientes.
Esta cadeia de negligência sanitária no hospital de Verona só foi descoberta graças à batalha pessoal de Francesca Frezza, mãe de um dos bebés (no caso, uma menina) que morreu. "Foi um massacre de inocentes que se podia ter evitado. O que aconteceu naquele hospital foi algo de muito grave. Quando surgiram os primeiros casos, o hospital devia ter sido encerrado para encontrar a origem da Citrobacter", disse a mãe, citada pela imprensa italiana.
Não fosse a luta desta mulher, provavelmente a verdade nunca seria descoberta. Por isso, Francesca Frezza pretende agora que se faça justiça. "Nunca fizeram nada. Só muito mais tarde é que tomaram a decisão de encerrar aquela ala porque eu pedi. Tive de me colocar à frente das portas e dizer que não saía dali até que fossem tomadas medidas. Só depois disso encerraram a unidade. Além disso, eles sabiam da existência da bactéria desde 2018. Sabiam que ela estava ali", atirou.
A unidade de obstetrícia, que tinha sido encerrada em junho, entretanto já reabriu, com os mesmos médicos a trabalhar, algo que já levou Francesa a exigir que se demitissem.
Elisa Bettini, 36 anos, mãe de outro bebé que morreu no mesmo hospital, contou também o seu calvário. "Disseram-me que a Alice tinha febre e meningite causada pela Citrobacter. Perguntei-lhes na altura se já tinha havido outros casos. Responderam-me que não. Mas mais tarde, na sala dos recém-nascidos, ao falar com outras mãe, descobri que não era verdade. Disseram-me que já tinham existido pelo menos cinco casos desde dezembro."