"Absurdo?". Muçulmanos não devem trabalhar no Ramadão

A ministra dinamarquesa da Imigração, Inger Stojberg, está a causar polémica ao afirmar que o período de jejum dos muçulmanos tem "consequências negativas" para a sociedade
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"Quero pedir aos muçulmanos que deixem de trabalhar durante o mês do Ramadão para evitar consequências negativas para o resto da sociedade dinamarquesa". É Inger Stojberg, ministra dinamarquesa da Imigração e da Integração, quem faz o pedido que está a gerar controvérsia.

As palavras foram publicadas num artigo do jornal BT, no qual afirma que o Ramadão pode afetar a "segurança e produtividade". E dá como exemplo os motoristas de autocarro cujo trabalho pode ser afetado por não comerem nem beberem durante muitas horas.

No texto, faz questão de começar por dizer que há "liberdade religiosa na Dinamarca" e que a religião "é um assunto privado", mas questiona o período de jejum dos muçulmanos numa sociedade moderna como a dinamarquesa.

Além de dar como exemplo os motoristas de autocarros que trabalham em jejum, Inger Stojberg refere também que os hospitais têm de continuar a funcionar durante o Ramadão.

Uma porta-voz da empresa de autocarros Arriva, que opera na Dinamarca, garante que nunca houve nenhum acidente com os motoristas enquanto estavam no período de jejum. "Não é um problema para nós", garantiu Pia Hammershoy à BBC.

A União Muçulmana da Dinamarca reagiu na rede social ao agradecer a preocupação da ministra. Segundo a BBC, a organização afirmou, no entanto, que os muçulmanos são perfeitamente capazes de olhar por eles e pela sociedade, mesmo quando estão no período de jejum,

"Não há informação ou estatísticas que mostrem que motoristas de autocarro ou outros trabalhadores muçulmanos se comportem de forma perigosa durante o jejum. Na maioria dos países, lojas e empresas continuam a funcionar normalmente", acrescentou ao jornal britânico.

Esta não é a primeira vez que a ministra da Imigração e da Integração está envolta em polémica. Ela tem sido o rosto das medidas restritivas em relação à imigração. Em 2016, o governo dinamarquês aprovou uma medida que permitia ao Estado confiscar objetos de valor, como joias e relógios, aos refugiados com o objetivo de pagar as despesas durante as suas estadias no país.

Segundo o The Guardian, há cerca de 250 mil muçulmanos na Dinamarca.

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