Migrações. Ferro Rodrigues: "Seria errado pensar numa fortaleza Europa"
O presidente da Assembleia da República defendeu "parcerias bilaterais e multilaterais", na abordagem das migrações.
O presidente da Assembleia da República afirmou esta quinta-feira numa videoconferência de alto nível sobre migrações, organizada pelo parlamento europeu, que é "um dever legal e moral" de acolher quem procura a Europa em "situação de desespero".
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Com o novo pacto europeu para as migrações em fase de debate, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues vincou que "as migrações são um fenómeno global e normal". Considerou ainda a que é um dever acolher os que procuram a Europa em situação de desespero.
"Devemos evitar equiparar migrantes e requerentes de asilo. Estes últimos são pessoas em desespero fogem da guerra e da perseguição. Perderam tudo. Ajudá-los é um dever legal e moral", defendeu.
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Ferro Rodrigues lembrou a ligação histórica de Portugal como um país de migrantes, e defendeu que a Europa não deve virar costas ao mundo, na tentativa de garantir a segurança dentro de portas.
"É nosso dever assegurar a segurança das nossas fronteiras externas comuns. Contudo seria errado pensar numa fortaleza Europa separada do mundo exterior. Temos de construir e desenvolver parcerias bilaterais e multilaterais", disse, acreditando que estão em causa "princípios da humanidade e da imparcialidade".
A falar para os eurodeputados, através de uma comunicação por videochamada, Ferro Rodrigues considerou que a Europa deve "construir e desenvolver parcerias bilaterais e multilaterais", na abordagem das migrações.
"Há menos de dois anos a Organização das Nações Unidas adotou o pacto global para as Migrações seguras ordenadas e regulares. É evidente a necessidade de trabalhar estreitamente com a Organização Internacional para as Migrações ou a União Africana. Vivemos num mundo interdependente na Era da Informação e da crescente mobilidade. Estas parcerias são cruciais para a sustentabilidade da gestão das nossas políticas migratórias", defendeu.
"O balanço geral feito é que as comunidades migrantes contribuem e enriquecem" a sociedade portuguesa, considerou Ferro Rodrigues.
Na mesma conferência, o presidente do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), Wolfgang Schäuble admitiu que a Europa não terá "uma solução moralmente pura", admitindo a necessidade de de "devolver as pessoas" sem direito a asilo às suas origens "para não criar falsos incentivos".
Porém, destacou que uma tal iniciativa terá de ser apoiada por medidas para "promover a estabilidade nos países vizinhos". A posição foi corroborada pelo presidente da Assembleia Nacional da Eslovénia, Igor Zorčič, que partilha o trio de presidências rotativas da UE, com Portugal e Alemanha.
Zorčič defendeu o "combate às causas que levam à migração". O esloveno antecipou discussões "difíceis" nesta matéria e admitiu que as soluções "vão levar tempo".