Marrocos vai ter o primeiro comboio de alta velocidade de África
Marrocos vai ter o primeiro comboio de alta velocidade de África, um TGV que deverá fazer a ligação entre as cidades de Tânger e Casablanca. O novo comboio poderá chegar aos 320 quilómetros por hora, reduzindo para metade - duas horas - o tempo do percurso.
O TGV, produzido pela França, deverá estar concluído em 2018 e o projeto de dois mil milhões de dólares, cerca de 1880 milhões de euros, foi financiado pelos governos de Marrocos, França, Arábia Saudita, Kuwait e dos Emirados Árabes Unidos.
Este comboio está a ser construído no âmbito de um programa de criação de grandes infraestruturas em Marrocos. O programa prevê ainda a construção do maior campo de energia solar do mundo e de grandes portos para estimular a economia, segundo a CNN.
O rei Maomé VI de Marrocos espera que o comboio aumente o prestígio e a riqueza do país e o governo espera que a ligação Tânger - Casablanca, capital económica do país, aumente o turismo e promova o crescimento económico de ambas cidades.
"O nosso objetivo é ter seis milhões de passageiros por ano após três anos de uso comercial", disse o diretor geral do ONCF, o operador nacional de caminhos de ferro, numa entrevista ao Le Monde. Mohamed Rabie Khlie acrescentou que a rede de comboios estava saturada e que desta forma vão "criar comboios destinados aos marroquinos e adaptados ao poder de compra dos marroquinos".
"Não queremos um comboio reservado para clientes ricos", continuou Khlie.
A construção do TGV não agrada a todos os marroquinos, no entanto. Um grupo de ativistas que considera que o dinheiro utilizado neste investimento deveria ter sido redirecionado para os serviços públicos criou a campanha "Stop TGV" e uma petição online.
"Marrocos é um país pobre e a prioridade deveria ser a educação", disse Omar Balafraj, líder da campanha e deputado do partido Federação de Esquerda Democrático.
"O modelo de negócios do ONCF é baseado no modelo francês em que os comboios são fortemente subsidiados", disse Zouhair Ait Benhamou, analista económico da Financia Business School de França.
"Se o número de passageiros não se materializar em dois ou três anos, o governo vai ter de subsidiar", explicou o especialista, acrescentando que, por outro lado, a infraestrutura vai atrair investimento estrangeiro.