Mais de 1,2 milhões de centímetros quadrados de pele encomendados aos EUA para tratar vítimas

A maioria dos feridos tem queimaduras graves, com mais de 30% do corpo afetado, e problemas respiratórios, afirmam as autoridades. O tratamento será um longo processo, que deverá ser de muitos meses para algumas das vítimas
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Das 30 pessoas internadas, 29 estão em cuidados intensivos e em unidades de queimados na sequência da erupção do vulcão de White Island, na Nova Zelândia, que ocorreu na segunda-feira. Têm mais de 30% do corpo queimado e 22 estão ligados a sistemas de ventilação artificial devido à gravidade das queimaduras que, em muitos casos, afetaram os pulmões, informaram as autoridades médicas do país. Algumas das vítimas têm 95% do corpo afetado, conta a Sky News.

Perante o número elevado de feridos com queimaduras graves, a Nova Zelândia encomendou aos EUA mais de 1,2 milhões de centímetros quadrados de pele (120 metros quadrados) para ajudar a tratar das vítimas, informou Peter Watson, médico e responsável pelo departamento de Saúde do distrito de Manukau. Um pedido que se prende com a necessidade de realizar mais enxertos de pele, justificou.

"Isto é só o início de um longo processo, que, para alguns pacientes, vai durar vários meses", afirmou Whatson, citado pela Reuters.

"A natureza das queimaduras sofridas é complicada devido aos gases e produtos químicos expelidos na erupção", afirmou o responsável. O que significa que a realização de cirurgias teve de ser mais célere do que no caso das queimaduras que são "térmicas", explicou. Uma situação excecional que está a levar as equipas de médicos a trabalhar sem parar, adiantou Whatson. Estima-se que os cirurgiões vão passar 500 horas em operações nos próximos dias, adianta a Sky News.

Também Austrália está a contribuir para o fornecimento de pele para ajudar as unidades médicas neozelandesas a tratar os feridos de White Island. O Banco Doador de Tecidos de Vitoria e o Serviço de Doação de Órgãos e Tecidos de Nova Gales do Sul contribuíram com 10 mil centímetros quadrados de pele para enxertos.

"Zona de guerra" no hospital

Um médico do serviço de urgência descreveu que o hospital de Wiakato parecia uma "zona de guerra", à medida que ia recebendo os feridos de White Island. "Foi simplesmente horrível, afirmou John Bonning, presidente do colégio de Medicina de Emergência da Australásia, ao jornal New Zealand Herald.

"Esta é uma das situações mais desafiantes porque sabemos que os pacientes estão com dores muito grandes e vão lutar pelas suas vidas durante as próximas duas ou três semanas", disse. E lamentou ainda que nem todas vítimas da erupção do vulcão vão sobreviver devido à gravidade dos ferimentos.

O governo australiano já fez saber, entretanto, que espera tranferir 10 cidadãos feridos que estão nas unidades de saúde da Nova Zelândia para a Austrália, caso haja autorização dos médicos.

Operações de busca interrompidas

As autoridades neozelandesas confirmaram seis mortes e nove desaparecidos, na sequência da erupção de segunda-feira. As operações de busca pelos turistas desaparecidos está, no entanto, suspensa devido ao aumento de atividade do vulcão. Um porta-voz da polícia neozelandesa explicou que embora a recuperação dos corpos seja uma prioridade, as equipas de socorro não devem ser colocadas em perigo.

"Para enviar as equipas temos de ter a certeza absoluta de que é seguro", sublinhou Bruce Bird, numa conferência de imprensa em Whakatane, a cerca de 50 quilómetros de Whakaari, ilha no nordeste da Nova Zelândia também conhecida como White Island.

A agência governamental GeoNet indicou esta quarta-feira, em comunicado, que a atividade vulcânica do Whakaari "aumentou significativamente," lembrando que o nível de alerta permanece no 3, numa escala de 5.

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