Kristen Welker, a moderadora que manteve Trump e Biden na ordem
Quando até o presidente Donald Trump, a meio do debate com o democrata Joe Biden, reconhece o trabalho que a moderadora está a fazer, depois de a ter criticado nos dias prévios ao frente-a-frente, então não é de estranhar que Kristen Welker, correspondente da NBC na Casa Branca e co-apresentadora do programa Weekend Today, tenha sido apontada por alguns nas redes sociais como uma das vencedoras da noite.
"Respeito muito a forma como está a lidar com isto, tenho que dizer", afirmou o candidato republicano, que ao contrário do que aconteceu no primeiro debate, onde esteve constantemente a interromper o adversário, esteve mais contido. As novas regras aprovadas pela comissão dos debates, como a possibilidade de silenciar o microfone dos candidatos, terão dissuadido este tipo de comportamento de ambas as partes.
Durante a semana, a posição de Trump tinha sido bem diferente. "Kristen Welker é uma democrata da esquerda radical", disse num comício em Phoenix, no estado do Arizona, na segunda-feira. Welker não tem atualmente afiliação política e nunca fez doações para partidos, mas em 2012 registou-se como como democrata.
"Há muito tempo que ela me grita perguntas e não é boa", acrescentou o presidente, que na terça-feira disse que os pais da jornalista são democratas fervorosos. No Twitter, Trump falou do "preconceito, ódio e indelicadeza" a favor do programa 60 minutes, da CBS (abandonou a entrevista antes de ela acabar), acrescentando que Welker "é muito pior".
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Nascida em Filadélfia há 44 anos, Welker estudou em Harvard. É correspondente da Casa Branca desde 2011 e foi a primeira mulher negra a moderar um debate presidencial desde Carol Simpson, em 1992. Em janeiro deste ano, foi escolhida para co-apresentar o programa matinal da estação NBC ao fim de semana, recebendo então elogios do presidente. "Eles tomaram uma decisão muito sábia", disse.
Quem também elogiou o desempenho de Welker em Nashville foi Chris Wallace, o moderador do primeiro debate entre Trump e Biden, a 29 de setembro em Cleveland, que ficou marcado pelas repetidas interrupções. "Estou com inveja", disse o jornalista da Fox News aos seus espetadores. "Gostaria de ter moderado este debate e ter tido uma verdadeira troca de pontos de vista em vez de centenas de interrupções", acrescentou.
Acostumada a entrevistas políticas, a jornalista conhecida pelas perguntas incisivas e tom calmo foi lembrando aos candidatos que tinham o tempo contado. "Tem dois minutos, sem interrupções", foi dizendo, ao longo de 90 minutos. Além disso, fez questões de seguimento incisivas quando era preciso e permitiu que os candidatos entrassem em diálogo, sem que a situação descambasse para o caos do primeiro debate.
Vários jornalistas elogiaram a prestação de Welker nas redes sociais. "E a parte mais memorável desde debate... pelas melhores razões. Nunca quis assumir o protagonismo, controlou a conversa e fez perguntas de seguimento. Bravo, minha amiga", escreveu Bianna Golodryga, da CNN.
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Dan Rather, veterano jornalista que esteve mais de 20 anos na CBS, destacou o seu profissionalismo num palco grande e difícil. E Judy Woodruff, da PBS, falou de um "trabalho soberbo" na moderação do debate.
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Um outro debate, que estava marcado para 15 de outubro, não chegou a acontecer. Trump, que tinha testado positivo para a covid-19, não aceitou um formato virtual do frente-a-frente que deveria ter sido moderado pelo veterano Steve Scully da C-SPAN.
Scully foi posteriormente suspenso pela estação de televisão depois de mentir sobre um tweet vinculado ao presidente, o que deu a Trump, acostumado a atacar a imprensa, uma nova oportunidade para atacar a suposta parcialidade dos órgãos de comunicação.
Trump questionou Welker por ter desativado a sua própria conta no Twitter após as mensagens polémicas de Scully, que chegou a alegar que a conta tinha sido pirateada (admitindo depois que isso era falso). A NBC explicou que a desativação da conta de Welker foi temporária e por razões de segurança (depois de Scully dizer que tinha sido pirateado), não para ocultar qualquer coisa que ele possa ter escrito no passado.