Kamala Harris é a escolhida de Joe Biden para candidata a vice
Kamala Harris foi mesmo a escolhida pelo candidato Joe Biden para ser a sua vice-presidente caso ganhe as eleições. Ela que liderava a lista de preferências para o cargo de candidata. Já o diziam alguns comentadores sendo o seu nome oque lidera as probabilidades nas casas de apostas.
A admiração de Biden por Harris é conhecida. Em dezembro passado afirmou: "Ela é sólida. Ela própria pode um dia ser presidente. Ela pode ser a vice-presidente. Pode vir a ser uma juíza do Supremo Tribunal. Pode ser procuradora-geral. Ela tem uma enorme capacidade."
"Acredito verdadeiramente no Joe [Biden], que conheço desde há muito tempo. Hoje precisamos de um líder que se preocupe verdadeiramente com as pessoas e que as possa unir. E penso que o Joe pode fazê-lo", afirmou Kamala Harris, num vídeo publicado na rede social Twitter.
A senadora democrata da Califórnia, de 55 anos, que pretendia tornar-se a primeira presidente negra dos Estados Unidos, desistiu da corrida à presidência em dezembro do ano passado por falta de fundos.
"Farei tudo ao meu alcance para o [Joe Biden] apoiar a ser o próximo presidente dos Estados Unidos", escreveu Kamala Harris na mensagem que acompanha o vídeo publicado no Twitter, citada pela agência France-Presse.
Os apoios a Joe Biden têm-se multiplicado desde a 'super terça-feira', em que conseguiu o maior número de delegados nas primárias do Partido Democrata em 14 estados, à frente de Bernie Sanders.
Pete Buttigieg, Amy Klobuchar, Beto O'Rourke e Michael Bloomberg, todos antigos candidatos democratas à Casa Branca, declararam entretanto o apoio ao antigo vice-presidente de Barack Obama.
No campo de Bernie Sanders, senador do estado do Vermont (nordeste), o ativista dos direitos civis Jesse Jackson declarou-lhe apoio.
"Bernie Sanders representa a voz mais progressista" para permitir aos afro-americanos recuperar o seu atraso de um ponto de vista social e económico, explicou o ativista num comunicado divulgado pela campanha de Sanders.
Filha de um pai jamaicano e uma mãe indiana, é a esta, investigadora contra o cancro e ativista, que diz dever a carreira política
Em sânscrito Kamala significa "flor de lótus". Foi este o nome escolhido pela indiana Shyamala Gopalan e pelo jamaicano Donald Harris para a filha. Ambos imigraram para os EUA para fazer os estudos universitários - ela em endocrinologia e nutrição, ele em economia. Conheceram-se, apaixonaram-se numa América em plena luta pelos direitos cívicos e acabaram por ter duas filhas - Kamala e Maya, - antes de se separarem.
Foi em Oakland, na Califórnia, que Kamalae a irmã cresceram, com a mãe, uma conhecida especialista em cancro. Foi ela, garante a senadora, a grande responsável pelo seu envolvimento político. Depois de na segunda-feira anunciar a sua entrada na corrida à nomeação democrata para as presidenciais de 2020, Harris partilhou no Facebook uma foto dela criança com a mãe e com a mensagem: "A pensar na minha mãe. Ela era inteligente, destemida e o primeiro membro da minha equipa de campanha - e gostava que ela estivesse connosco neste momento. O seu espírito ainda me guia para lutar pelos nossos valores".
Formada em Ciência Política e Economia em Harvard, Harris tirou Direito no UC Hastings College of Lay de San Francisco, tendo sido aceite na ordem em 1990. Como advogada, do que ela mais gostava era da argumentação - uma característica que mantém como política.
Procuradora em San Francisco, a luta contra o tráfico de droga tornou-se numa das suas prioridades, tendo apostado num programa que dava aos traficantes de primeiro delito a hipótese de terminarem os estudos e arranjarem emprego. Após dois mandatos, tornou-se na primeira mulher procuradora-geral da Califórnia, empenhando-se em proteger a população mais vulnerável do estado numa altura de crise financeira.
Progressista, destacou-se ainda na defesa do ambiente, na luta pela aprovação do casamento entre homossexuais no estado e na proteção do Obamacare (a reforma da saúde do ex-presidente Barack Obama que deu seguro a mais 20 milhões de americanos).
Eleita senadora pela Califórnia em novembro de 2016, Harris não escapou às comparações com Obama - um filho de um estudante queniano e de uma americana branca do Kansas - sendo muitas vezes chamada pela imprensa americana de "Barack Obama feminina". E está habituada a ser pioneira. Foi a primeira mulher a primeira pessoa de raça negra a ser eleita procuradora-geral da Califórnia.
Agora, aos 54 anos, poderá ser a primeira mulher negra e a primeira de origem indiana a chegar à vice-presidência dos EUA.