Japão associa-se aos Estados Unidos e França para desmantelar Fukushima
Os três países irão desenvolver novas tecnologias para recuperar o combustível fundido dos reatores danificados na central
O Japão vai associar-se a peritos dos Estados Unidos e de França para desenvolver novas tecnologias para recuperar o combustível fundido dos reatores danificados na central de Fukushima Daiichi, a 11 de março de 2011.
O Ministério das Ciências e Tecnologia japonês vai trabalhar com o departamento de Energia norte-americano e com a agência de Investigação francesa na operação mais delicada do processo de desmantelamento da central, explicou um funcionário do ministério.
"Tratam-se das primeiras pesquisas efetuadas pelo governo para contribuir para o desmantelamento de Fukushima Daiichi, paralelamente aos trabalhos realizados no setor privado pelo gestor (da central) TEPCO (Tokyo Electric Power) em colaboração com parceiros no estrangeiro", disse.
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O Governo japonês prevê trabalhar com os Estados Unidos sobre os dispositivos necessários para recuperar o 'corium' - uma mistura de combustível nuclear e vários outros materiais obtida durante a fusão de um reator. Os japoneses denominam este material como "detritos".
A França vai concentrar-se em meios de controlo remoto, nomeadamente através da robótica e análise de imagens, especialmente concebidos para funcionar em ambiente altamente radioativo.
O Japão vai financiar estes projetos através do orçamento de três biliões de ienes (24 mil milhões de euros), atribuído à vertente tecnológica do desmantelamento da central de Fukushima.
Cinco anos depois do maremoto de março de 2011, os reatores um e três da central, cujos núcleos entraram em fusão no momento do acidente, têm de continuar a ser permanentemente arrefecidos, enquanto prossegue a limpeza nas zonas mais próximas para diminuir a radiação.
Robôs telecomandados são enviados regularmente ao interior do edifício dos reatores para retirar detritos e proceder a diferentes análises e preparar investigações cruciais sobre a localização precisa do combustível fundido, cuja extração é a fase mais complexa e longa de um processo que deverá prolongar-se no mínimo por 40 anos.
Os cientistas advertiram que a tecnologia exigida para este processo de desmantelamento e limpeza não existe e terá ainda que ser inventada, mas o governo japonês prefere esta opção à construção de um "sarcófago" em betão como aconteceu em Chernobil (Ucrânia), após a catástrofe de 1986.
Na sexta-feira, o Japão prestou homenagem às vítimas do sismo e 'tsunami' ocorridos a 11 de março de 2011 no nordeste do arquipélago, uma catástrofe natural que matou 18.500 pessoas e originou o acidente nuclear em Fukushima.
Cerca de 100 mil habitantes da região de Fukushima continuam sem poder voltar ao local devido à contaminação, de acordo com dados atualizados da agência de reconstrução japonesa.